Chegara a época da colheita das castanhas, e a vila começava a ficar deserta. […] Muitas famílias, preocupadas com os arranjos da viagem, esqueciam os deveres religiosos, e pouco a pouco fora padre Antônio ficando reduzido a dizer missa para meia dúzia de pessoas […]. Não se podia perder o tempo próprio para a colheita das castanhas naquele ano, estavam dando um dinheirão […]. A poderosa atração dos castanhais arrancava todos os dias as ovelhas ao pastor católico […].
[…] Como deixar Silves que oferecia todas as vantagens da civilização, para ir-se meter pelos castanhais dentro, expondo-se a febres, a sezões, a mordeduras de cobras, a ataques de onças?
(Inglês de Sousa. O missionário, 2010. Adaptado.)
O missionário foi publicado em 1888 e seu enredo transcorre em uma cidade do interior amazônico, Silves, nos anos setenta do século XIX.
O excerto faz uma descrição da exploração dos castanhais, que aparece no texto como
uma atividade de coleta em situação de baixa organização do trabalho, embora rentável para a mão de obra.
um empreendimento sem importância para a economia amazônica, especializada na produção para o consumo local.
um ato de rebeldia deliberada da sociedade urbana contra o poder religioso, implantado nas grandes cidades amazônicas.
uma empresa dirigida racionalmente por técnicos especializados na mercadoria, em contato direto com os mercados compradores.
um movimento de fixação permanente de trabalhadores nas regiões de coleta do produto, com a fundação de novas cidades.