FGV-SP Administração 2014/1

CAPÍTULO XXI

 

Na estação de Vassouras, entraram no trem Sofia e o marido, Cristiano de Almeida e Palha. Este

era um rapagão de trinta e dois anos; ela ia entre vinte e sete e vinte e oito.

Vieram sentar-se nos dois bancos fronteiros ao do Rubião [...].

[Rubião] — O senhor é lavrador?

[5] [Palha] — Não, senhor.

[Rubião] — Mora na cidade?

[Palha] — De Vassouras? Não; viemos aqui passar uma semana. Moro mesmo na Corte. Não teria jeito

para lavrador, conquanto ache que é uma posição boa e honrada.

Da lavoura passaram ao gado, à escravatura e à política. Cristiano Palha maldisse o governo,

[10] que introduzira na fala do trono uma palavra relativa à propriedade servil; mas, com grande espanto

seu, Rubião não acudiu à indignação. Era plano deste vender os escravos que o testador lhe deixara,

exceto um pajem; se alguma coisa perdesse, o resto da herança cobriria o desfalque. Demais, a fala do

trono, que ele também lera, mandava respeitar a propriedade atual. Que lhe importavam escravos

futuros, se os não compraria? O pajem ia ser forro, logo que ele entrasse na posse dos bens. Palha

[15] desconversou, e passou à política, às câmaras, à guerra do Paraguai, tudo assuntos gerais, ao que

Rubião atendia, mais ou menos. Sofia escutava apenas; movia tão somente os olhos, que sabia bonitos,

fitando-os ora no marido, ora no interlocutor.

— Vai ficar na Corte ou volta para Barbacena? perguntou o Palha no fim de vinte minutos de

conversação.

[20] — Meu desejo é ficar, e fico mesmo, acudiu Rubião; estou cansado da província; quero gozar a

vida. Pode ser até que vá à Europa, mas não sei ainda.

Os olhos do Palha brilharam instantaneamente.

Machado de Assis, Quincas Borba.

Manifesta-se, no excerto de Quincas Borba, um tema que, relativamente frequente na ficção dos dois últimos séculos, é central nesse romance, a saber, o tema

a

do contraponto entre o apego provinciano à tradição e a modernização urbana.

b

do interiorano ingênuo esbulhado pela gente da capital.

c

do “fugere urbem” — o do abandono das cidades, em busca do bucolismo campestre.

d

da mulher sentimental, dividida entre dois amores.

e

da oposição entre tendências nacionalistas e cosmopolitas.

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Resposta
B
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