Canção do exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Canção do exílio facilitada
(José Paulo Paes)
Lá?
Ah!
Sabiá...
Papá...
Maná...
Sofá...
Sinhá...
Cá?
Bah!
Em relação ao poema “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, assinale a alternativa incorreta:
No poema, a imagem do “sabiá” se configura como símbolo e materialização da própria pátria.
As expressões “lá” e “cá” se colocam como dois polos opostos a partir dos quais se desenvolve todas as comparações do eu-lírico.
Trata-se de um poema paradigmático da fase nacionalista do romantismo, em que a tônica era a exaltação da pátria.
O poema apresenta relativa liberdade formal, característica da época, se comparada a movimentos anteriores, como o barroco, por exemplo.
A expressão “lá”, caracterizando o lugar de exílio, evidencia a mágoa do eu-lírico em relação àquele lugar que só lhe trouxe tristezas e desagrados.