Brasília 50 anos
Carta ao leitor como foram todas as grandes epopeias fundadoras de nações
Uma janela para a história
Foto: René Burri/Magnum/Latinstock
A inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, foi a realização de uma utopia, . Erguer uma capital modernista no meio do cerrado, a centenas de quilômetros dos grandes centros urbanos, exigiu uma visão de mundo tão ampla, corajosa e ousada quanto a que levou o homem às grandes navegações e à conquista do espaço. Meio século depois, poucos se lembram das razões, das emoções e das poderosas forças, a favor e contra, desencadeadas pela construção de Brasília. Era fácil ser contrário à aventura do presidente Juscelino Kubitschek. A empreitada quebraria os cofres do país e traria a inflação, dizia-se. Quebrou mesmo. A inflação veio. O Brasil de hoje venceu a inflação e a desordem financeira.
Vozes de oposição
Ataques de quem achava que nada daria certo
Texto 2 "O presidente Juscelino Kubitschek, , já não vê mais a decomposição da atual capital da República e para a futura metrópole desvia verbas e leva, de avião, material de construção." com seu novo brinquedo
CAVALCANTI, Sandra, vereadora da UDN, abr. 1957
Texto 3 "A nova capital só fica pronta no prazo fixado se a Novacap se transformar em fada madrinha de história da carochinha e, , utilizar uma varinha de condão." em vez de vigas de aço vindas da América do Norte, a peso de ouro
EDITORIAL do , Rio de Janeiro, dez. 1958 Diário de No
“A empreitada quebraria os cofres do país e traria a inflação, dizia-se.”
Nesse trecho da carta ao leitor, qual o efeito de sentido gerado pelo uso de “dizia-se”?
O tempo verbal empregado não condiz com a intencionalidade do autor, o que confere problema de inteligibilidade no trecho.
O uso do verbo na 3ª pessoa do singular, acrescido do pronome se que atua como índice de indeterminação do sujeito, confere uma imprecisão intencional para o enunciador eximir-se de nomear quem disse que o país iria à bancarrota.
Apesar de correta a colocação pronominal, a próclise seria mais indicada, pois o texto ficaria mais informal e, consequentemente, mais adequado à informalidade requerida por esse tipo de situação comunicativa.
O emprego da 3ª pessoa do singular e o do pronome apassivador se funcionam como recurso estratégico para o autor não se envolver nessa complexa acusação.
O uso do verbo na 3ª pessoa do singular e a indeterminação do sujeito instaurada pelo pronome se não produzem efeito de sentido de distanciamento do locutor em relação à
sua enunciação.