Balada do amor através das idades
Eu te gosto, você me gosta
desde tempos Imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
(...)
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão em Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1973)
No texto II, o que torna a relação amorosa da atualidade diferente dos relacionamentos das idades passadas é
o heroísmo do mocinho.
o amor correspondido.
a presença de complicação.
o desfecho feliz.
a beleza da mocinha.