FACISA 2021/2

Atente para o trecho abaixo:

 

“Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá e vi minha mãe estendida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse a assistir a um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer nada.”

( José Lins do Rego, Menino de Engenho)

 

A partir do texto acima, é possível afirmar que

 

I. Menino de Engenho é um romance modernista, pois se utiliza de linguagem coloquial, típica da primeira fase do modernismo, de que faz parte.

II. a narrativa memorialista de Menino de Engenho é um traço comum no regionalismo brasileiro e no chamado “Romance de 30”.

III. a expressão “banhada em sangue” pode ser considerada uma hipérbole, o que potencializa o horror da cena que o menino presencia.

IV. na expressão “Eram gritos e gente correndo”, há uma personificação, pois os gritos “correm” pela casa, o que é típico da linguagem lírica do romance regionalista.

V. a presença do narrador em primeira pessoa faz o romance ser memorialista, o que significa retomar, biograficamente, a vida do autor.

 

Está correto o que se afirma nas proposições

a

III e V.

b

IV e V.

c

I e II.

d

II e III.

e

I e IV.

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Resposta
D

Resolução

Para responder a esta questão, é importante compreender o contexto literário do livro “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego, que se insere na segunda geração do modernismo no Brasil (também conhecida como Romance de 30). O autor apresenta elementos regionais, traços de memorialismo e linguagem que aproxima ficção de aspectos autobiográficos, embora não seja simplesmente uma biografia literal.

Analisando os itens listados nas afirmações:
I. Está incorreto pois “Menino de Engenho” não faz parte da primeira fase do modernismo brasileiro (iniciada em 1922), embora seja um romance reconhecidamente modernista e em linguagem coloquial. A obra pertence mais propriamente à segunda fase (o chamado “Romance de 30”).
II. Correta. A narrativa memorialista e o forte regionalismo fazem parte das principais características presentes no Romance de 30, ao qual José Lins do Rego pertence.
III. Correta. A expressão “banhada em sangue” configura uma hipérbole, que intensifica o drama e o horror do momento descrito.
IV. Incorreta. Não há personificação em “Eram gritos e gente correndo”, pois está-se descrevendo as pessoas que corriam e os gritos que se ouviam, mas não há atribuição de atitude humana aos gritos. Não é correto dizer que os gritos “correm” pela casa.
V. Incorreta. Apesar de a narrativa ser em primeira pessoa e inspirar-se nos fatos da vida de José Lins do Rego, não se configura totalmente como uma autobiografia literal; é mais um recurso memorialista misturando ficção e experiência pessoal, não se definindo estritamente como retomada biográfica.

Portanto, apenas as afirmações II e III estão corretas, correspondendo à alternativa (D).

Dicas

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Relembre as características de cada fase do modernismo brasileiro.
Identifique se há figura de linguagem em “banhada em sangue”.
Observe se existe realmente personificação em “Eram gritos e gente correndo”.

Erros Comuns

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Acreditar que Menino de Engenho pertence à primeira fase modernista simplesmente por utilizar uma linguagem relativamente coloquial.
Interpretar a construção da frase “Eram gritos e gente correndo” como uma personificação.
Confundir narrativa memorialista com autobiografia estritamente fiel aos fatos.
Revisão
• Romance de 30: segunda fase do modernismo brasileiro, caracterizado pelo regionalismo, engajamento social e exploração de temas ligados ao Nordeste.
• Narrativa memorialista: relato do narrador que resgata lembranças e experiências pessoais, dando tom autobiográfico, mas nem sempre sendo uma biografia literal.
• Figuras de linguagem: recursos estilísticos como hipérbole, que intensifica uma imagem ou emoção na narrativa.
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