Atenção: Para responder às questão, baseie-se no texto abaixo.
Descendentes do bacilo de Koch
Em boa enrascada se meteu o primo Ruy, quando decidiu ser o genealogista da família. Decidiu? Pode não ter sido bem assim. Talvez tenha entrado nessa empreitada de modo natural, como continuador do trabalho do pai, meu falecido tio Jorge. E talvez não soubesse da encrenca que o esperava.
Aqui vai um segredo da família: somos, quase todos, descendentes do bacilo de Koch. Ele mesmo, o causador da tuberculose. Posso e devo explicar.
Nosso avô Hugo, que era carioca, contraiu a doença aos 27 anos, em 1906, e depois de se tratar num sanatório suíço foi consolidar a cura nos ares então terapêuticos de Belo Horizonte, cidade criada na prancheta que não completara ainda nove anos de existência. O jovem médico lá ficou até morrer. Além de dois filhos nascidos no Rio de Janeiro, gerou mais onze no solo fértil de Minas. Tivesse ele permanecido no Rio e carioca teria sido toda a sua filharada. Um dos rebentos, também ele Hugo, só por milagre teria conhecido Wanda, e com ela tido onze mineirinhos, entre eles um camarada metido a escritor. Você poderia talvez estar lendo um cronista menos chinfrim. Lamento. Não foi culpa minha, foi culpa do bacilo de Koch.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto. Esse inferno vai acabar. Porto Alegre: Arquipélago, 2011, p. 143-45)
As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas na frase:
Aos dois filhos nascidos no Rio, agregou-se à família do jovem médico mais onze nascidos em Belo Horizonte.
Os dotes do cronista, tal como sugere este ao final do texto, deve-se, em boa parte, àquele bacilo de Koch que infectou seu avô.
As enrascadas em que podem se meter qualquer um de nós costumam ter efeitos imprevisíveis, afirma-se no texto.
Atribui-se ao bacilo de Koch, nesta crônica bem-humorada, injunções que propiciaram o nascimento do próprio cronista.
Costumava recorrer aos sanatórios suíços todo tísico a quem não faltassem os recursos para uma longa estadia nos Alpes.