[...] até agora éramos tratados como escravos, o que é uma vergonha, pois, com o seu precioso sangue, Jesus Cristo nos salvou a todos, tanto ao mais humilde pastor quanto ao mais nobre senhor, sem distinção. Por esse motivo, deduzimos das Sagradas Escrituras que somos livres, e livres queremos ser. Não que queiramos ser totalmente livres, que não queiramos reconhecer autoridade alguma; não é isso que Deus nos ensina. [...]
[...] preocupam-nos os serviços que somos obrigados a prestar e que aumentam dia a dia. Exigimos que esse assunto seja examinado cuidadosamente, a fim de que não sejamos sobrecarregados [...].
(“Manifesto dos camponeses”. apud Ricardo de M. Faria et al. Estudos de História, 2009.)
O referido manifesto, escrito em 1525, apresenta reivindicações dos camponeses no contexto das Reformas Religiosas.
Suas exigências eram justificadas
pela obediência às leis humanas condicionada à fé cristã; um dos ideais dos movimentos heréticos do período.
pela imposição de uma rigorosa disciplina moral como guia para a castidade; uma das ideias difundidas por líderes religiosos da época.
pelo desapego aos bens materiais como meio de professar o voto de pobreza; uma das teses de John Huss.
pela livre interpretação da Bíblia pelos fiéis; um dos princípios defendidos por Martinho Lutero.
pela predestinação à salvação; um dos dogmas propagados por João Calvino.