“(...) Assistiam, atônitos, à demolição da Cidade Flutuante. Os moradores xingavam os demolidores, não queriam morar longe do pequeno porto, longe do rio. Halim balançavaa cabeça, revoltado, vendo todas aquelas casinhas serem derrubadas. (...) Chorou muito enquanto arrancavam os tabiques, cortavam as amarras dos troncos flutuantes, golpeavam brutalmente os finos pilares de madeira. Os telhados desabavam, caibros e ripas caíam na água e se distanciavam da margem do Negro. Tudo se desfez num só dia, o bairro todo desapareceu. Os troncos ficaram flutuando, até serem engolidos pela noite.”
A passagem acima foi extraída de Dois Irmãos, de Milton Hatoum, e descreve a demolição de um bairro portuário em Manaus, em 1967, por determinação do governo de Castelo Branco, para possibilitar a construção da Zona Franca de Manaus. Sobre esse projeto, é correto afirmar que:
Foi criada como uma zona de jurisdição federal (com infraestrutura construída pelo Estado) que possibilitou às indústrias nacionais a utilização dos recursos naturais da região com menores custos.
Tinha como objetivo descentralizar a produção da indústria nacional e, com isso, incentivar o desenvolvimento da região Norte do país, por meio do estabelecimento da jurisdição federal.
Previa a concessão de incentivos fiscais para atrair indústrias para a região, reduzir custos de produção e desenvolver o mercado interno, num momento em que avançava a transnacionalização do capitalismo.
Foi um dos principais projetos para combater o capital externo, empreendido pelo governo militar, fomentando o crescimento da economia durante o período que ficou conhecido como “milagre econômico”.
Foi criada para conceder isenção de impostos à indústria nacional de eletrodomésticos, criando condições de concorrência para os produtos nacionais, em relação aos estrangeiros, no mercado interno brasileiro.