Instrução: As questões de números 01 a 05 referem-se ao texto abaixo.
Estrangeirismo: se facilita a comunicação, tá valendo.
Por Alexandre Carvalho
01 Você já reparou que algumas palavras estrangeiras que usamos não têm equivalente no
02 Brasil? É natural também que invenções de outros países cheguem aqui com o nome que lhes
03 deram em sua terra natal. Pense na pizza. Mas pense também em tecnologia. Se a palavra
04 estrangeira vem a bordo de uma inovação tecnológica, a probabilidade de permanecer é
05 relevante. Quando falamos num “farol de LED” do carro, LED é a sigla inglesa para light-emitting
06 diode. É muito mais fácil usar o termo que já veio com a tecnologia do que dizer que nosso carro
07 tem um farol que funciona com “diodo emissor de luz”.
08 Antes que recursos sofisticados de segurança fossem obrigatórios nos carros brasileiros,
09 como o anti-lock braking system (freio ABS), já falávamos inglês para usar nosso computador
10 pessoal. Tente arrumar um equivalente para mouse (o acessório de informática, não o roedor).
11 O dicionário Houaiss sabe dizer o que é: em versão resumida, um dispositivo dotado de um a
12 três botões que, ao ser movimentado, provoca o deslocamento análogo de um cursor na tela de
13 um computador.
14 Poxa, para que arrumar um termo que condense tanta informação se os americanos já
15 criaram, com uma palavrinha só, um apelido simpático para o gadget? E os mais antigos, com
16 fio, pareciam ratinhos mesmo. Portugal resolveu a questão de um modo simples, sem inventar
17 um termo próprio: traduziu literalmente o apelido inglês. Os portugueses mexem seus cursores
18 usando um “rato”.
19 O estrangeirismo, de qualquer maneira, é sempre bem-vindo quando facilita a
20 comunicação. Outro exemplo bem atual é o anglicismo “testei positivo para Covid”. Se
21 seguíssemos a norma culta nesse aviso infeliz aos familiares, o certo mesmo seria dizer “me
22 submeti a um exame de Covid e o resultado foi positivo” (praticamente o dobro de palavras).
23 Para que complicar?
24 Aliás, falando em Coronavírus, não há brasileiro vivo que ignore o sentido de trabalhar
25 em home office. Cá entre nós, uma tradução para o português geraria dubiedade. Um “escritório
26 em casa” soa como algo bem estabelecido, definitivo até, como o consultório de Sigmund Freud,
27 que ficava na residência dele. Já “home office” a gente entende como uma alternativa ao trabalho
28 presencial numa empresa ou num cliente, que pode ser um arranjo provisório ou não. Na forma
29 como o termo está, em inglês, ele é a definição perfeita desse arranjo mal ou bem-sucedido
30 (tente fazer com duas crianças pequenas correndo pelos cômodos).
31 Os exageros no estrangeirismo tendem a passar, como as paletas mexicanas. Mas o uso
32 que facilita a comunicação vai vingar sempre. E a Língua Portuguesa no Brasil – que os
33 portugueses chamam pejorativamente de “brasileiro” – vai continuar se enriquecendo com
34 palavras e expressões que não teriam como surgir por aqui.
(Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/o-bem-e-o-mal-do-estrangeirismo – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale alternativa que indica a palavra ou expressão que, de acordo com o texto, NÃO foi incorporada ao português falado no Brasil como resultado da influência de uma palavra ou expressão estrangeira.
Rato.
LED.
Home office.
Freio ABS.
Testar positivo.