“[...] Assim aconteceu com os franceses. Da primeira vez que viestes aqui, vós os fizestes somente para traficar. Como os peró (portugueses), não recusáveis tomar nossas filhas e nós nos julgávamos felizes quando elas tinham filhos. Nesta época, não faláveis em aqui nos fixar. [...] Agora já nos falais de vos estabelecerdes aqui, de construirdes fortalezas para defender-vos contra os vossos inimigos. Para isso, trouxestes um Morubixaba e vários paí. Em verdade, estamos satisfeitos, mas os peró fizeram o mesmo. Depois da chegada dos paí, plantastes cruzes como os peró. Começais agora a instruir e batizar tal qual eles fizeram; dizeis que não podeis tomar nossas filhas senão por esposas e após terem sido batizadas. O mesmo diziam os peró. Como estes, vós não queríeis escravos, a princípio; agora os pedis e quereis como eles no fim. Não creio, entretanto, que tenhais o mesmo fito que os peró; aliás, isso não me atemoriza, pois velho como estou nada mais temo. Digo apenas simplesmente o que vi com meus olhos”
(Chefe Momboré-uaçu – Aldeia de Essauap, Maranhão – 1612 – Tupinambá).
O texto refere-se:
ao movimento que os franceses fizeram para fortalecer suas posições na costa brasileira, procurando estabelecer relações de amizade com os indígenas para que, no caso de uma batalha com os portugueses, tivessem a sua ajuda. Essa aliança foi possível porque a escravidão do índio promovida pelos portugueses causava revolta nos indígenas.
à aliança que os franceses e portugueses estabeleceram contra os tamoios (tupinambás), que foram apoiados pelos padres jesuítas que tomaram partido dos nativos visando à desvinculação da coroa portuguesa e ao estabelecimento de uma nação da Companhia de Jesus no Brasil.
ao conflito latente entre tamoios (tupinambás) e portugueses pelas terras dos Sete Povos das Missões, que se agravou com a chegada dos franceses na costa Brasileira.
ao conflito em que os padres jesuítas fizeram-se embaixadores dos franceses, o que enfraqueceu as relações entre a Companhia de Jesus e Portugal, sendo, mais tarde, um dos fatores de expulsão dos jesuítas do Brasil.
ao conflito liderado pelo governador-geral Men de Sá contra os tupimambás, que se tornaram aliados dos portugueses e inimigos dos franceses, visando à expulsão dos franceses de suas terras.