As transformações históricas geralmente não acontecem de forma repentina; elas se dão de forma gradual, com o passar dos anos, décadas ou séculos. Se levarmos em consideração as mudanças culturais, as transformações são ainda mais demoradas. No período medieval, não foi diferente: as mudanças culturais começaram a ser percebidas nos dois séculos anteriores. Sobre esse assunto, leia a passagem seguinte:
“Mas o novo humanismo era, mais geralmente, um humanismo cristão. «Somos anões empoleirados nos ombros de gigantes»: esta fórmula de Bernard de Chartres (cerca de 1130), muitas vezes repetida, ilustra a extensão da dívida que os espíritos mais sérios da época reconheciam ter para com a cultura clássica”.
BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. Lisboa: Edições 70, 1979, p.135.
Segundo o relato de Marc Bloch sobre o pensamento de Bernard de Chartres, é CORRETO afirmar:
A sociedade do tempo de Chartres, após as descobertas dos originais gregos, via-se como independente das influências clássicas.
Faziam parte do contexto da época de Chartres a mediocridade dos intelectuais que lhe foram contemporâneos e a supremacia da mentalidade grega.
Todo o universo acadêmico estava dedicado a suplantar suas heranças passadas, motivo pelo qual os intelectuais contemporâneos a Chartres dedicavam-se ao estudo dos clássicos.
Os intelectuais da geração de Chartres são gratos aos clássicos, pois, com suas obras em mãos, podiam perceber a magnitude de seus conceitos.