As teorias raciais europeias da segunda metade do século XIX e do início do século XX, como as ideias da eugenia e do evolucionismo social, exerceram influência na elite letrada do Brasil, em um momento em que se vivia a transição do trabalho escravo para o livre. Usando argumentos biológicos, afirmavam a superioridade de algumas “raças” humanas sobre outras. Essas ideias racistas estiveram presentes nos debates e na legislação sobre a imigração estrangeira. O Estado financiou e estimulou a imigração europeia, mas havia forte discriminação contra negros, índios e outros grupos étnicos. A historiadora Lilia Schwarcz escreveu sobre as ideologias racistas da época no livro O Espetáculo das Raças:
“O decreto 528, de 28 de junho de 1890, abria o Brasil para todas as pessoas válidas e capazes para trabalho, ‘com exceção dos africanos e asiáticos’. [...] O jornal Correio Paulistano, em 19 de julho de 1892, assim se referia aos chineses: ‘são todos ladrões, jogadores a um grau incompreensível; admitindo a possibilidade de introduzi-los, quanto gastará o Estado de São Paulo em cárceres com o aumento da criminalidade’. Ainda em 1929, Miguel Couto – presidente da Academia Nacional de Medicina – defendia no Primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia a tese de que a mistura racial levaria à degeneração nacional”
(SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 184-186 e 235).
I. Após a Abolição da Escravidão em 1888, os brasileiros de origem africana passaram a ser tratados de forma igualitária com os brancos, tendo sido indenizados pela escravidão, obtendo acesso à propriedade da terra, à educação formal e a direitos políticos, além da liberdade para suas manifestações culturais e religiosas.
II. Muitos imigrantes europeus trouxeram ideias anarquistas e socialistas para as cidades brasileiras, contribuindo para a formação de sindicatos e movimentos de trabalhadores; o governo da Primeira República reagiu com a lei Adolfo Gordo em 1907, que autorizava a deportação sumária de estrangeiros “perigosos para a ordem social”.
III.De 1870 a 1930, houve um grande fluxo migratório de italianos, portugueses, espanhóis e alemães para o Brasil, acrescidos dos japoneses a partir de 1908; todos esses imigrantes dirigiram-se inicialmente para as cidades, empregando-se na indústria, e depois foram trabalhar nas lavouras de café.
IV. Após denúncias de extermínio das populações indígenas, o governo federal criou em 1910, sob inspiração do Marechal Rondon, o S.P.I. (Serviço de Proteção aos Índios), mas ainda em uma perspectiva evolucionista que enxergava alguns povos como “atrasados”.
São verdadeiras apenas as afirmativas:
II e IV.
I, II, III e IV.
I e IV.
III e IV.
II e III.