As tentativas de imposição da ideia nacional que emergiram entre 1815 e 1848 pela via revolucionária e democrática foram caladas, mas a ideia nacional se imporia de qualquer modo, pelas construções tradicionalistas que se inspiraram no romantismo literário e no historicismo que procurou dar ênfase às singularidades nacionais, com o culto aos particularismos dos passados nacionais. Essa segunda vertente do ideal nacional esteve em voga na Europa a partir de meados dos anos 1800, e as suas melhores expressões políticas foram os processos de unificação da Itália e da Alemanha.
LESSA, Antônio Carlos. História das Relações Internacionais: a Pax Britannica e o mundo do século XIX. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p.105-106 (Coleção Relações Internacionais).
Sobre os processos de unificação da Itália e da Alemanha, é incorreto afirmar que
a convergência dos interesses políticos e econômicos da burguesia industrial, que ascendera bastante ao longo do século XIX, e da aristocracia proprietária de terras, que passou a entender a importância da indústria para sua imposição diante dos vizinhos, foi fundamental em ambos os países para os processos de unificação.
tais processos ameaçavam seriamente o equilíbrio europeu estabelecido com o Tratado de Viena de 1815, que havia determinado que as quatro principais potências europeias da época, Inglaterra, França, Rússia e Império Austro-Húngaro, iriam agir para normatizar conflitos e disputas territoriais de menor magnitude no continente.
o processo de unificação italiana iniciou-se de fato quando o Conde de Cavour assumiu o posto de primeiro-ministro do Reino da Sardenha-Piemonte em 1852 e envolveu uma série de guerras por disputa de territórios de cultura italiana contra a Áustria e a Igreja Católica, que envolveram ainda a participação da França e da Prússia.
o processo de unificação alemã ganhou força quando Otto von Bismarck assumiu a chancelaria da Prússia em 1862, sob o reinado de Guilherme I, e envolveu um processo de incorporação de territórios de cultura germânica à sua órbita de influência, o que afetou os interesses austríacos na região, além de guerras contra a própria Áustria, a Dinamarca e a França.
as relações internacionais europeias do século XIX, fortemente pontuais e temporárias, e as disputas diplomáticas entre os países europeus, especialmente entre a Prússia de Bismarck e a França de Napoleão III, tiveram grande influência sobre os processos de unificação da Alemanha e da Itália; a Inglaterra, contudo, afastouse desses processos o máximo que pôde.