UFGD 2022

AS SINHÁS PRETAS DA FOLHA

 

Começo a ler o artigo e pauso. Verifico a data do jornal: não é o século 19.

Thiago Amparo

 

Abro este jornal. Nele, um artigo sobre "negras prósperas no ápice da escravidão". Eu pauso. Verifico a data do jornal: não é o século 19. Continuo a leitura. O autor promete "complicar as narrativas de ativistas"; afirma que a "culpada é a época e seus valores diferentes dos nossos"; e que nos traria "maturidade e conciliação" com as "lindas histórias de vida das sinhás pretas".

 

Munido da falácia reacionária que lhe é característica, Narloch usa histórias individuais para mascarar a brutalidade do seu argumento: legitimar a escravidão ao relativizá-la. Imagino como se sentiriam as escravas diariamente estupradas lendo seu texto; ou os escravos doentes jogados ao mar: faltou-lhes capitalismo?

 

É peculiar da branquitude discutir o horror tomando chá: imagino as horas que serão gastas para se debater, com calma, se a linha editorial da barbárie foi ou não cruzada. Não há zona cinzenta aqui. O problema não é fazer referência a "negras minas" — que eventualmente enriqueceram — ou a outras figuras históricas, o problema é, de forma ao mesmo tempo risível e desonesta, utilizá-las para suavizar a brutalidade da escravidão.

 

O que está em jogo é se a pluralidade que este jornal preza inclui racismo. Jornais são documentos históricos: eu me reservo a dignidade derradeira de dizer com todas as letras que a coluna de Leandro Narloch é racista; que publicá-la faz do jornal conivente; e que em algum momento a corda do pluralismo esticou a tal ponto que nos enforcará.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/thiago-amparo/2021/09/as-sinhas-pretas-da-folha.shtml?origin=uol . Acesso em: 15 out. 2021 (adaptado).

 

Assinale a alternativa que apresenta a análise correta sobre o texto.

a

O texto de Amparo é conivente com as ideias contidas no texto de Leandro Narloch, publicado pela Folha, que deslegitima a escravidão ao mostrar que ela tem um lado bom.

b

O autor questiona se a pluralidade de opiniões, adotada pela Folha, não resultaria na aceitação da publicação de artigos com conteúdo racista.

c

O artigo mostra como Narloch usa uma argumentação ad-hominem para se posicionar contra a escravidão e denunciar as inescrupulosas práticas do trabalho escravo.

d

O autor relativiza o tráfico negreiro, um dos maiores mercados do século XIX, e desapoia a abolição da escravidão e seus percalços.

e

As sinhás pretas são personagens que, segundo o autor, complicam narrativas de ativistas, pois negras prósperas, no ápice da escravidão, são pedras no sapato de quem acredita que o regime capitalista atual é racista.

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B
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