AS MONTANHAS SAGRADAS
A vida nos vales e picos nevados dos Andes peruanos é quase a mesma do tempo dos incas. Mas tudo pode mudar com o aquecimento global
Passo lento e respiração profunda. Em meio ao ar rarefeito e à cegueira branca de uma nevasca, surge Nicolasa. A menina caminha firme atrás da vaca desgarrada do rebanho. Acredita que os apus, ou os espíritos das montanhas, encontram-se ao seu lado e vão ajudá-la a recuperar o animal perdido. Estamos a 5 mil metros de altitude, a caminho de Ausangate, um dos picos nevados da Cordilheira Vilcanota, uma das zonas mais inóspitas dos Andes peruanos. Justamente por isso, é um lugar onde as comunidades rurais experimentam poucas mudanças nos costumes ancestrais. As formações gigantes, imponentes e disformes, respeitosamente chamadas de apus, ocupam o topo do panteão das divindades incas. Aqui, são as montanhas que mandam, logo descubro, enquanto o ar penosamente enche meus pulmões.
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COELHO, Maria Emília. As montanhas sagradas. Horizonte Geográfico. São Paulo, Horizonte, n. 122, p. 46-53, abr. 2009.
Contextualizando a frase que dá início ao texto: “Passo lento e respiração profunda”, ela faz referência
ao medo do enunciador, responsável pelo texto, de estar em solo sagrado.
à cegueira branca de uma nevasca que surge repentinamente.
ao medo do enunciador de experimentar mudanças dos costumes ancestrais.
à dificuldade enfrentada pelo enunciador de caminhar e respirar a 5 mil metros de altitude.
à dificuldade enfrentada pelo enunciador de entender as formações gigantes, imponentes e disformes, respeitosamente chamadas de apus.