UFJF 2018

As gírias de cada região: qual é a boa no seu pedaço?

A gíria que o nosso morro criou

Bem cedo a cidade aceitou e usou [...]

Tudo aquilo que o malandro pronuncia

Com voz macia é brasileiro,

Já passou de português

(Noel Rosa, “Não tem tradução”, 1933)

Os diversos modos de falar do povo brasileiro conferem as sonoridades, as cores e os sabores da língua, que está em constante transformação, de acordo com a dinâmica sociocultural. Um dos recursos que mais movimentam o idioma é o neologismo, palavra ou expressão que se introduz ou tenta se introduzir na língua, ou ainda confere novos sentidos a palavras já existentes.

As gírias são neologismos empregados por grupos que têm em comum a profissão, a idade, a classe social ou a região, com o objetivo de criar uma identidade linguística, facilitando a comunicação entre os pares e excluindo os que não pertencem àquela comunidade. Existem gírias típicas de determinado local ou região. Segundo João Bosco Serra e Gurgel, autor do Dicionário de gíria: modismo linguístico, o equipamento falado do brasileiro (7. ed. Brasília, 2005), “os regionalismos são os maiores tributários das gírias”.

A gíria que o nosso morro criou

Durante muito tempo, as gírias eram condenadas ao papel de vilãs do bem falar, associadas à marginalidade. Ao longo da Colônia e do Império, muitos termos foram criados para possibilitar a comunicação entre os escravizados sem que os senhores tivessem conhecimento do que se tratava. O escritor Plácido de Abreu, no prefácio de seu romance Os capoeiras (1886), transcreve um glossário da gíria corrente nesses grupos. “Alfinete”, por exemplo, significava faca, "alto da sinagoga", rosto ou cabeça, e "desgalhar" é fugir da polícia.

Na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, por exemplo, as gírias eram associadas à malandragem. Nas canções eternizadas por Moreira da Silva, o Kid Morengueira, encontramos várias dessas expressões, como “vagulino” (vagabundo), “desguiar na carreira” (fugir correndo), “entregador” (delator).

Há também gírias características de uma geração, muitas vezes empregadas por adolescentes como uma forma de se distinguir dos mais jovens e dos mais velhos. Como observa o sociolinguista Anthony Julius Naro, gírias adquiridas nesse período continuam sendo empregadas ao longo da vida, como marca da juventude.

Hoje a gíria ganhou espaço na publicidade, no jornalismo, na política e até na literatura. A TV, o rádio e, mais recentemente, a internet aceleram a divulgação de modismos linguísticos, que ultrapassam o contexto em que foram criados, tornando-se nacionais e muitas vezes internacionais. É o caso de "shippar", neologismo derivado do inglês relationship, que significa aprovar um novo casal, de amigos ou de namorados, geralmente relacionado a personagens de séries e novelas, ou a ídolos adolescentes. A internet é um espaço muito produtivo nesse sentido. Termos como “miga”, designando pessoa de qualquer sexo e idade, e “falsiane”, rótulo para o(a) falso(a) amigo(a), transpõem a web e invadem a fala de crianças, jovens e adultos.

Disponível em: http://www.plataformadoletramento.org.br/em-evista-noticia-detalhe/1001/as-girias-de-cada-regiao-quale-a-boa-no-seu-pedaco.html. Acesso em: 24/07/2017.

Considerando o que se apresenta nas figuras 1, 2 e 3, pode-se afirmar que as gírias:

a

só podem variar no tempo ou no espaço.  

b

só podem ser usadas em uma região do país.  

c

são sempre específicas de uma região do país.  

d

são empregos linguísticos específicos de um momento histórico.  

e

podem identificar o falante como sendo de uma dada região do país.  

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E
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