As ancas balançam, e as vagas de
dorsos, das vacas e touros, batendo
com as caudas, mugindo no meio,
na massa embolada, com atritos de
couros, estralos de guampas, estrondos
e baques, e o berro queixoso do gado
junqueira, de chifres imensos, com
muita tristeza, saudade dos campos,
querência dos pastos de lá do sertão ...
“Um boi preto, um boi pintado,
Cada um tem sua cor.
Cada coração um jeito
De mostrar o seu amor.”
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba,
boi berrando ...
Dança doido, dá de duro, dá de dentro,
dá direito ... Vai,
Vem, volta, vem na vara, vai não volta,
vai varando ...
“Todo passarinh’ do mato
Tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doído
Não carece ter rompante ...”
O trecho acima integra o conto O Burrinho Pedrês, da obra Sagarana, escrita por João Guimarães Rosa. Dele é correto afirmar que
descreve o movimento agitado dos bois por meio de uma linguagem construída apenas pelo emprego abusivo de frases nominais e de gerúndios.
apresenta um jogo entre a forma poética e a prosaica e, em ambos os gêneros, é possível constatar a presença de ritmo marcado pelo uso de redondilhas.
há presença significativa de figuras sonoras como as aliterações que emprestam ao texto ritmo duro e pesado, impedindo a musicalidade e o lirismo próprios da arte popular.
há uma mistura de textos narrativos e textos poéticos que quebra a sequência do conto e oferece ao leitor um texto de duvidosa qualidade estética.