USF 2018/1

Arqueólogos descobrem uma dinastia feminina pré-colombiana

 

  Análises de DNA acabam de revelar um caso relativamente raro de poder feminino numa das sociedades mais enigmáticas da América pré-colombiana.

  No túmulo que abrigava a elite de Pueblo Bonito, cidadela com cerca de mil anos de idade construída no deserto do Novo México (EUA), só podiam ser enterradas pessoas que pertenciam a uma dinastia materna específica, afirmam pesquisadores.  

  Combinando datações relativamente precisas, por meio do método do carbono-14, com as análises genéticas, Douglas Kennett, do Departamento de Antropologia da Universidade do Estado da Pensilvânia (EUA), e seus colegas conseguiram reconstruir como as governantes (e seus consortes homens) de Pueblo Bonito teriam solidificado seu domínio da área ao longo dos séculos.

  Os pesquisadores conseguiram obter mtDNA (DNA mitocondrial, presente nas mitocôndrias, (1) as usinas de energia das células) de nove dos 14 indivíduos exumados na cripta. O mtDNA só é transmitido de mãe para filha ou filho, diferentemente do DNA do núcleo das células. Foi então que veio a primeira surpresa: todas as nove pessoas tinham mtDNA praticamente idêntico, indicando que compartilhavam uma ancestral pelo lado materno.

  Poderiam ser nove filhas e filhos de uma mesma mãe? Não, porque as datações indicavam que os enterros na cripta foram acontecendo de forma gradual, ao longo de alguns séculos.

  Foi possível, a seguir, fazer análises ainda mais refinadas de DNA – (2) incluindo aí o DNA do núcleo – (2) em seis dos esqueletos. Eram três mulheres e três homens, mostraram os dados genéticos. Desses, quatro eram parentes próximos entre si: uma mulher que morreu na casa dos 40 anos e um homem que morreu por volta dos 30, que seriam avó e neto; (3) e uma mulher de 45 anos e uma jovem de 25, que devem ter sido mãe e filha. Por outro lado, o primeiro morto da linhagem a ser enterrado ali era do sexo masculino e morreu aos 40, com uma pancada na cabeça.

  "O poder e a influência política nessa sociedade (4) estavam associados à linhagem materna, (5) de forma que tanto homens quanto mulheres compartilhavam poder e influência", desde que pertencessem ao clã feminino "nobre", explica Kennett.

  Se a inferência estiver correta, isso significa que os habitantes de Pueblo Bonito talvez tenham deixado descendentes entre os atuais indígenas do sudoeste dos EUA, apesar de terem abandonado seus assentamentos faraônicos antes da chegada dos europeus.

  É que, entre as tribos atuais hopis e zunis, as linhagens ainda são determinadas pelo lado materno, e não pelo lado paterno. Quando um homem se casa, por exemplo, os filhos que gera com a mulher são considerados membros da linhagem dela, e não da dele (seria como se levassem o "sobrenome" da mãe).

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/02/1861896-arqueologos-descobrem-uma-dinastia-feminina-precolombiana.shtml. Acesso em: 12/10/17. (Excerto).

Com base na descoberta relatada no texto, está correto o que se afirma em:

a

Na dinastia pré-colombiana em questão, apenas mulheres exerciam o poder. 

b

O ancestral materno comum foi identificado pelo estudo do DNA mitocondrial.

c

As relações de parentesco dos indivíduos encontrados na tumba não podem ser identificadas.

d

A dinastia materna de Pueblo Bonito não permitia enterrar descendentes da mesma família em uma cripta. 

e

Não é possível saber se a dinastia deixou descendentes porque os novos povos não têm predomínio feminino.

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Resposta
B

Resolução

O texto descreve que os arqueólogos, ao analisarem o DNA mitocondrial (mtDNA) de indivíduos enterrados na cripta de Pueblo Bonito, verificaram que todos possuíam um material genético praticamente idêntico herdado exclusivamente da linhagem materna. Essa evidência permitiu concluir que todos compartilhavam uma mesma ancestral pelo lado da mãe, caracterizando uma dinastia matrilinear. Daí decorre que a única afirmação correta é a alternativa B.

• O mtDNA é transmitido da mãe para filhos e filhas sem mistura com o DNA do pai, sendo ferramenta ideal para rastrear ancestralidade materna.
• A descoberta de um mtDNA praticamente idêntico entre nove indivíduos indica um ancestral materno comum.
• As outras alternativas distorcem ou contradizem informações expressas no texto.

Dicas

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Releia o trecho que explica o que é mtDNA e como ele é herdado.
Procure qual resultado do estudo permitiu inferir a existência de um ancestral comum.
Note que o texto explica que homens também podiam exercer poder, desde que pertencessem à linhagem materna.

Erros Comuns

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Pressupor que apenas mulheres governavam (confusão entre matrilinearidade e matriarcado).
Desconsiderar a explicação sobre mtDNA e achar que não se pode identificar parentesco.
Focar na ideia de abandono dos assentamentos e concluir que não há descendentes.
Revisão

DNA mitocondrial (mtDNA) – localizado nas mitocôndrias, é herdado apenas da mãe; por isso, permite rastrear a linhagem materna.

Matrilinearidade – sistema de organização social em que a descendência, a herança e até o poder político são transmitidos pelo lado materno.

Arqueogenética – uso de técnicas de genética (análise de DNA antigo) para esclarecer relacionamentos de parentesco, migrações e organização social de povos antigos.

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