Aqueles que compõem a cidade, tão diferentes entre si por suas origens, condições e funções, de certa forma parecem “semelhantes” uns aos outros. Essa similitude funda a unidade da pólis, porque para os gregos somente os semelhantes podem permanecer mutuamente unidos pela Philia, associados a uma mesma comunidade. Todos aqueles que participam do Estado definem-se como Homoioi, semelhantes, depois de maneira mais abstrata, como Isoi, iguais. Essa imagem das relações humanas encontrará no século VI a.C. a sua expressão rigorosa no conceito de isonomia: igual participação de todos os cidadãos no exercício do poder.
(Jean-Pierre Vernant. Les origines de la pensée grecque, 1995. Adaptado.)
O autor argumenta que a organização da pólis grega
desconhecia as desigualdades reais entre os cidadãos na esfera das decisões políticas coletivas.
fundava-se no sentimento recíproco de amizade entre os cidadãos dos mesmos grupos econômicos.
abria-se à participação nas decisões públicas dos aliados incondicionais da cidade nos períodos de guerra.
enaltecia o exercício da racionalidade política em prejuízo dos cultos das divindades do mundo grego.
distribuía o conjunto das tarefas públicas de acordo com as aptidões políticas de cada um dos cidadãos.