Após assistir, ainda muito recentemente em termos históricos, à avalanche de xenofobia e racismo, que dominou a Europa durante a Segunda Guerra Mundial e nos anos que a precederam, sob a hegemonia nazi-fascista; após atravessar os séculos de intolerância religiosa, que resultou nos processos da Inquisição, contra todos aqueles que discordavam dos Cânones da Igreja Católica na Idade Média e na Moderna, o mundo depara hoje, mais uma vez, com novas ondas de racismo, antissemitismo e nacionalismo xenófobo (do grego xenos, “estrangeiro”, e þhobos, “fobia, horror”; ou seja, aquele que tem ódio aos estrangeiros). Mesmo em alguns países, como o Brasil, onde essas ideologias nunca chegaram a ter presença expressiva, vê-se o seu renascimento.
Verdade que os tempos são outros. Há diferenças — de tempo e espaço — entre os nazistas de ontem e os neonazistas de hoje; entre os inquisidores medievais que jogavam os dissidentes na fogueira e os fanáticos encapuzados da Ku Klux Klan que lançaram seu terror contra negros e comunistas nos Estados Unidos, nos anos 60. Diferenças também entre os integralistas, que atuavam na política brasileira dos anos 30 e grupos como os Skinheads/ Carecas do Subúrbio de agora.
(SALEM, 1995, p. 1-2).
No Brasil, dentro do contexto mundial, as manifestações de intolerância étnica e política se destacaram
nas revoltas coloniais, as conjurações mineira e baiana, caracterizadas pelo caráter étnico, pois, sendo ambas promovidas pela população africana, defendiam a abolição da escravidão, paralela à independência do Brasil.
na opção pela substituição do trabalho escravo pelo imigrante, pautando-se, por excelência, em critérios econômicos, visto que as teorias segregacionistas receberam forte oposição, em função das características miscigenadas da sociedade brasileira.
no movimento político denominado integralista, inspirado nas ideias fascistas europeias, que advogou a necessidade do estabelecimento de um governo autoritário e ultranacionalista, avesso ao comunismo e às instituições liberais.
na ditadura militar (1964-1985), ao defender o estabelecimento de um regime baseado no unipartidarismo e na preponderância do elemento sulista, herdeiro da cultura cristã, branca e ocidental, em relação aos nordestinos, de forte ascendência africana.
nos movimentos, como os skinheads e os “carecas do subúrbio”, inspirados em grupos estrangeiros, porém diferentes, na sua luta pela defesa da unidade nacional e da completa ausência de características racistas.