Ao teu encontro, Homem do meu tempo,
E à espera de que tu prevaleças
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,
Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças
E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa.
As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei
Minha própria rudeza e o difícil de antes,
Aparências, o amor dilacerado dos homens
Meu próprio amor que é o teu
O mistério dos rios, da terra, da semente.
Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu
Compaixão e ternura e paz na Terra
Se ainda encontrasse em ti o que te deu.
HILST, Hilda. Poemas aos Homens do nosso tempo – IX. Júbilo Memória Noviciado da Paixão. Porto Alegre: Globo, 1974; Poesias. São Paulo: Quíron; Brasília: INL, 1980. Disponível em:<http://www.jornaldepoesia.jor.br/hilda.html#ama>. Acesso em: 5 maio 2013.
Nesse excerto do poema, o eu lírico propõe cantar ao homem do seu tempo sob a condição principal de
deparar-se com a compaixão desse homem em relação a ele mesmo.
encontrar a presença do elemento divino na existência desse homem.
preservar seu discurso humano e sofrido diante daquele que é seu próprio reflexo.
valorizar as suas experiências pessoais em face de um mundo conturbado e bélico.
presenciar a mudança de valores do homem que representa o momento histórico vivido.