Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”.
Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69.
Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que
a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores éticos, devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente.
o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da finalidade que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a ética.
o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si próprio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à virtude.
o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos pareçam maus.
a ética e a politica são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade politica onde o governante age conforme a virtude.
Nesta questão, devemos observar que, para Maquiavel, a política não se submete diretamente à moral tradicional. Ele enfatiza que o governante precisa saber agir de maneira que nem sempre coincide com a ética tal como era entendida em sua época. Na obra “O Príncipe”, Maquiavel indica que a estabilidade e o poder do Estado devem ser a preocupação principal, podendo o governante recorrer a atos moralmente condenáveis se isso for necessário para manter o poder. A resposta que melhor representa esse posicionamento é a alternativa B, pois mostra que a política, segundo o autor, não se reduz a princípios universais de bondade ou justiça, mas sim à eficácia do poder e à manutenção do governo.
Maquiavel inaugura, no Renascimento, uma concepção de política em que a busca pela eficácia e pela manutenção do poder se tornam mais centrais do que a adesão a valores morais ou religiosos. Ele reconhece a importância das virtudes, mas as desloca para um âmbito estratégico, defendendo que o governante aja de maneira adequada às circunstâncias, mesmo que isso signifique realizar atos considerados “maus” em termos morais.