UNESP 2014/2

Ao lado do latifúndio, a presença da escravidão freou a constituição de uma sociedade de classes, não tanto porque o escravo esteja fora das relações de mercado, mas principalmente porque excluiu delas os homens livres e pobres e deixou incompleto o processo de sua expropriação.

(Maria Sylvia de Carvalho Franco. Homens livres na ordem escravocrata, 1983.)

Segundo o texto, que analisa a sociedade cafeeira no Vale do Paraíba no século XIX,

a

a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre assalariado freou a constituição de uma sociedade de classes durante o período cafeeiro.

b

o imigrante e as classes médias mantiveram-se fora das relações de mercado existentes na sociedade cafeeira.

c

o caráter escravista impediu a participação direta dos homens livres e pobres na economia de exportação da sociedade cafeeira.

d

a inexistência de homens livres e pobres na sociedade cafeeira determinou a predominância do trabalho escravo nos latifúndios.

e

a ausência de classes na sociedade cafeeira deveu-se prioritariamente ao fato de que o escravo estava fora das relações de mercado.

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Resposta
C

Resolução

Para resolver esta questão, é fundamental ler atentamente o trecho de Maria Sylvia de Carvalho Franco e compreender seu argumento central sobre a sociedade cafeeira no Vale do Paraíba no século XIX. O texto afirma que a presença da escravidão, junto ao latifúndio, dificultou a formação de uma sociedade de classes.

O ponto crucial do argumento da autora está na explicação do *porquê* isso ocorreu: "não tanto porque o escravo esteja fora das relações de mercado, mas principalmente porque [a escravidão] excluiu delas os homens livres e pobres e deixou incompleto o processo de sua expropriação."

Vamos analisar as alternativas à luz dessa afirmação:

  • Alternativa A: Sugere que a *substituição* do trabalho escravo pelo livre freou a sociedade de classes. O texto diz o contrário: a *presença* da escravidão foi o freio. Portanto, incorreta.
  • Alternativa B: Menciona imigrantes e classes médias, grupos não citados no texto. O texto foca nos "homens livres e pobres". Portanto, incorreta.
  • Alternativa C: Afirma que o caráter escravista impediu a participação direta dos "homens livres e pobres" na economia de exportação. O texto diz que a escravidão "excluiu delas [relações de mercado] os homens livres e pobres". Considerando que a economia cafeeira era voltada para a exportação e esta constituía as principais relações de mercado da época, essa alternativa está diretamente alinhada com o argumento central do texto. Portanto, correta.
  • Alternativa D: Alega a *inexistência* de homens livres e pobres. O texto explicitamente os menciona como um grupo social presente e afetado pela escravidão. Portanto, incorreta.
  • Alternativa E: Diz que a ausência de classes se deve *prioritariamente* ao fato de o escravo estar fora das relações de mercado. O texto nega isso enfaticamente: "não tanto porque o escravo esteja fora das relações de mercado, mas principalmente porque excluiu delas os homens livres e pobres". Portanto, incorreta.

A análise detalhada do texto e das alternativas mostra que a alternativa C é a única que reflete com precisão o argumento apresentado pela autora sobre o impacto da escravidão na estrutura social cafeeira, especificamente na exclusão dos homens livres pobres das relações de mercado dominantes.

Dicas

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Foque na principal razão que a autora apresenta para a escravidão ter freado a sociedade de classes.
Identifique qual grupo social o texto diz ter sido excluído das relações de mercado pela escravidão.
Preste atenção à estrutura "não tanto por X, mas principalmente por Y" no argumento da autora.

Erros Comuns

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Interpretar que a *substituição* da escravidão (opção A) foi o problema, quando o texto aponta a *presença* da escravidão.
Confundir ou generalizar o grupo social excluído, incluindo imigrantes ou classes médias não mencionados (opção B).
Não perceber que o texto afirma a existência dos homens livres pobres (erro da opção D).
Ignorar a estrutura argumentativa do texto ("não tanto... mas principalmente...") e atribuir a causa principal ao fator que a autora considera secundário (opção E).
Revisão

Revisão de Conceitos

  • Latifúndio: Grande propriedade rural, característica da estrutura agrária brasileira, muitas vezes associada à monocultura e ao uso de mão de obra escrava ou subalterna.
  • Escravidão no Brasil (século XIX): Sistema socioeconômico baseado no trabalho forçado de pessoas escravizadas, majoritariamente de origem africana. Foi a base da economia agroexportadora (açúcar, café) por séculos, sendo abolida apenas em 1888.
  • Sociedade de Classes: Modelo de organização social em que a posição dos indivíduos é definida principalmente por sua relação com os meios de produção e sua situação econômica (ex: burguesia, proletariado). O texto argumenta que a escravidão dificultou essa formação no Brasil.
  • Homens Livres Pobres: Segmento da população que não era nem proprietária de terras/escravos, nem escravizada. Viviam à margem da grande lavoura, muitas vezes em situação precária, com acesso limitado à terra e ao mercado formal dominado pela elite escravista.
  • Vale do Paraíba (século XIX): Região entre Rio de Janeiro e São Paulo que se tornou o principal polo da cafeicultura brasileira em meados do século XIX, caracterizada por grandes fazendas (latifúndios) e uso intensivo de mão de obra escrava.
  • Relações de Mercado: Interações econômicas de compra, venda e troca de bens, serviços e força de trabalho. No contexto, refere-se principalmente à economia cafeeira voltada para a exportação.
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