Analise os textos que se seguem, considerando os conceitos de gêneros, as funções da linguagem e a intertextualidade.
Texto 3
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas, como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
Camões
Texto 4
A luz ao mundo, e murmurar se ouvia
Ao longe o rio, e menear-se o vento.
Respirava descanso a natureza.
Só na outra margem não podia entanto
O inquieto Cacambo achar sossego.
No perturbado interrompido sono
(Talvez fosse ilusão) se lhe apresenta
A triste imagem de Sepé despido,
Pintado o rosto do temor da morte,
Banhado em negro sangue, que corria
[...]
Basílio de Gama
Texto 5
Senhores que trabalhais
pela vida transitória,
memória, por Deus, memória
este temeroso cais!
À barca, à barca, mortais,
Barca bem guarnecida,
à barca, à barca da vida!
Vigiai-vos, pecadores,
que, depois da sepultura,
neste rio está a ventura
de prazeres ou dolores!
À barca, à barca, senhores,
barca mui nobrecida,
à barca, à barca da vida!
Gil Vicente
Texto 6
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte. mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
Renato Russo
Sobre os textos, analise as proposições a seguir:
I. Os textos 3 e 6 pertencem ao gênero lírico; o texto 5, ao dramático, de autoria de Gil Vicente, enquanto o texto 4 é épico e pertence ao poema Caramuru, de Basílio da Gama. É nítida também a relação intertextual existente entre os textos 3, 4 e 6.
II. O texto 6 retoma o texto 3, o que acarreta uma relação de intertextualidade explícita; além disso, ambos têm por tema o amor, sentimento expresso pelo eu lírico, o que determina a função emotiva da linguagem.
III. As funções emotiva e poética da linguagem, presentes nos textos 3 e 6, resultam da existência das vozes líricas reveladoras de emotividade e poeticidade. A função referencial, entretanto, se faz presente no texto 4, por este pertencer ao gênero épico; no texto 5, por ser dramático, a função é apelativa.
IV. Nos quatro textos, há traços dos gêneros épico, lírico e dramático. Em todos eles, predomina a função poética, o que determina a existência de intertextualidades implícitas.
V. Os textos 3, 4, 5 e 6, por serem literários e pertencerem aos primórdios da Literatura brasileira, apresentam linguagens apelativa e poética, pois são ufanistas e pretendem atrair a atenção do colonizador.
Estão CORRETAS apenas
II e III.
I, II, III e IV.
IV e V.
II, III e V.
III, IV e V.