Analise o fragmento de um poema transcrito abaixo.
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?...
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas?
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolais das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
(Castro Alves. Canto V de O navio negreiro).
O fragmento do poema transcrito acima poderia aplicar-se a fatos que temos presenciado nos dias de hoje, embora a literatura tenha como universo de referência a ficção. No caso desse poema – que se refere a fatos do mundo real:
a leitura mais adequada é aquela que se distancia dos significados figurados das palavras, como as metáforas e metonímias.
há uma fuga à finalidade única e específica da literatura, que é estar a serviço do gosto e do prazer estético.
poderia ser visto como produção poética, pois à literatura também foi atribuída a função social e política da ‘denúncia’.
os fatos históricos – que tiveram o aval da realidade – não podem constituir objeto da produção poética.
à História, e somente a ela, cabe a referência aos acontecimentos. O campo da poesia é a fantasia sem limites.