Amor é um fogo que arde sem se ver
Luís Vaz de Camões
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
O poema é constituído principalmente pela seguinte figura de estilo:
Antítese
Gradação
Paradoxo
Hipérbole
Metonímia
Para resolver a questão, vamos analisar o poema de Camões em que o autor apresenta expressões aparentemente contraditórias sobre o amor, como “fogo que arde sem se ver” e “ferida que dói e não se sente”. Essas expressões reúnem ideias opostas que, contudo, coexistem ao descrever o mesmo sentimento. Esse recurso retórico, que junta afirmativas contraditórias para apontar a complexidade do amor, caracteriza-se como paradoxo.
Passo a passo:
Antítese: aproximação de ideias opostas, mas ainda distintas (ex.: “céu e inferno”).
Paradoxo: união de ideias contraditórias em um mesmo enunciado, criando um sentido novo (ex.: “viver é morrer para viver”).
Gradação: encadeamento de ideias em progressão ascendente ou descendente (ex.: “ri, sorri, gargalha”).
Hipérbole: exagero intencional para efeito de ênfase (ex.: “chorou rios de lágrimas”).
Metonímia: substituição de uma palavra por outra, mantendo relação de proximidade (ex.: “ler Camões” em vez de “ler obras de Camões”).