Alferes, Ouro Preto em sombras
Espera pelo batizado,
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.
Raios de sol brilharão nos sinos:
Dez vias dar.
Ai Marília, as lirase o amor
Não posso mais sufocar
E a minha voz irá
Pra muito além do desterro e do sal,
Maior que a voz do rei.
Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção “Alferes”, de 1973.
A imagem de Tiradentes — a quem Cecília Meireles qualificou “o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo”, em palestra feita em Ouro Preto — torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional.
Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso
da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.
da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.
de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar.
dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.
da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.