ENEM 2020

   Adão, ainda que supuséssemos que suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o início, não poderia ter inferido da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da luminosidade e calor do fogo que este poderia consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão, e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano São Paulo: Unesp. 2003.

 

Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano?

a

A potência inata da mente.

b

A revelação da inspiração divina.

c

O estudo das tradições filosóficas.

d

A vivência dos fenômenos do mundo.

e

O desenvolvimento do raciocínio abstrato.

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Resposta
D
Tempo médio
1 min

Resolução

Análise Detalhada da Questão

A questão apresenta um trecho da obra "Uma investigação sobre o entendimento humano" de David Hume e pergunta qual é a origem do conhecimento humano segundo o autor, com base nesse texto.

1. Leitura Atenta do Texto: O texto afirma que Adão, mesmo com faculdades racionais perfeitas, não poderia saber que a água sufoca ou que o fogo queima apenas observando suas qualidades sensíveis (fluidez, transparência, luminosidade, calor). Isso significa que as propriedades que percebemos pelos sentidos não revelam, por si sós, as causas ou os efeitos das coisas.

2. Identificação da Tese Central: A frase crucial é: "[...] tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato." Hume está explicitamente dizendo que a razão, sozinha, é insuficiente para conhecermos o mundo real, as "questões de fato". Esse conhecimento depende fundamentalmente do "auxílio da experiência".

3. Conclusão sobre a Origem do Conhecimento: O argumento de Hume no trecho demonstra que o conhecimento sobre como o mundo funciona (causas e efeitos, propriedades perigosas da água e do fogo) não é inato nem puramente racional, mas sim derivado da interação com o mundo, ou seja, da experiência.

4. Análise das Alternativas: * A alternativa A (potência inata da mente) e E (desenvolvimento do raciocínio abstrato) focam na razão ou em capacidades mentais independentes da interação com o mundo, o que é diretamente contrariado pelo texto ("sem auxílio da experiência"). * A alternativa B (revelação divina) não é mencionada e foge ao escopo da filosofia empirista de Hume. * A alternativa C (estudo das tradições) também não é abordada no texto como fonte primária do conhecimento factual. * A alternativa D (vivência dos fenômenos do mundo) corresponde diretamente à ideia de "auxílio da experiência" defendida por Hume no trecho. A "vivência dos fenômenos" é sinônimo de experiência.

5. Resposta Final: Portanto, com base no texto, a origem do conhecimento humano sobre as questões de fato é a experiência, ou seja, a vivência dos fenômenos do mundo.

Passo a passo:

  1. Leia o texto de Hume com atenção, focando em como ele descreve a relação entre razão, sentidos e conhecimento.
  2. Identifique a afirmação central sobre a limitação da razão e a necessidade da experiência ("sem auxílio da experiência").
  3. Compreenda que os exemplos da água e do fogo ilustram essa dependência da experiência para conhecer os efeitos das coisas.
  4. Avalie cada alternativa à luz da tese de Hume apresentada no texto.
  5. Elimine as alternativas que contradizem a necessidade da experiência (A, E) ou que introduzem elementos externos ao texto (B, C).
  6. Confirme que a alternativa D ("A vivência dos fenômenos do mundo") é a que melhor representa a ideia de "experiência" como origem do conhecimento factual segundo Hume no trecho.

Dicas

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Preste atenção à expressão chave: "sem auxilio da experiência". O que ela implica sobre o papel da razão?
Pense nos exemplos dados (água, fogo). Como, segundo Hume, Adão aprenderia sobre seus perigos?
Qual a principal limitação que Hume aponta nas "faculdades racionais" quando se trata de conhecer o mundo?

Erros Comuns

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Confundir a filosofia de Hume (Empirismo) com o Racionalismo, levando à escolha das alternativas A ou E.
Não dar a devida importância à frase "sem auxilio da experiência", que é a chave para entender a limitação da razão segundo o texto.
Interpretar mal os exemplos da água e do fogo, achando que a razão poderia, de alguma forma, deduzir seus efeitos sem experiência prévia.
Escolher opções como B ou C por associações externas ao texto, sem basear a resposta no argumento específico apresentado por Hume no trecho.
Revisão

Revisão de Conceitos: Empirismo de Hume

David Hume (1711-1776) foi um filósofo escocês, figura central do Empirismo. O empirismo é uma corrente filosófica que afirma que todo o conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensorial.

Hume distingue dois tipos de percepções da mente:

  1. Impressões: São as percepções mais vívidas e fortes, que ocorrem quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos. Correspondem à experiência direta e imediata. (Ex: sentir o calor do fogo).
  2. Ideias: São as percepções mais fracas, que são cópias das impressões, usadas no pensamento e no raciocínio. (Ex: lembrar ou imaginar o calor do fogo).

Ele também divide o conhecimento em dois tipos:

  • Relações de Ideias: Conhecimento obtido pela análise lógica e abstrata das próprias ideias, como na matemática e na lógica (Ex: \(2+2=4\), "todos os solteiros não são casados"). São verdades necessárias, cuja negação implica contradição.
  • Questões de Fato (Matters of Fact): Conhecimento sobre o mundo empírico, baseado na experiência e na observação. (Ex: "O sol nascerá amanhã", "A água ferve a 100°C"). Suas verdades não são necessárias (a negação não implica contradição) e só podem ser conhecidas a posteriori (através da experiência).

O trecho da questão foca nas "questões de fato", argumentando que nosso conhecimento sobre elas (como os efeitos da água e do fogo) depende inteiramente da experiência, e não pode ser deduzido apenas pela razão ou pela análise das qualidades sensíveis iniciais.

51%
Taxa de acerto
13.2
Média de pontos TRI
Habilidade

Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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