Adão, ainda que supuséssemos que suas faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas desde o início, não poderia ter inferido da fluidez e transparência da água que ela o sufocaria, nem da luminosidade e calor do fogo que este poderia consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão, e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano São Paulo: Unesp. 2003.
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano?
A potência inata da mente.
A revelação da inspiração divina.
O estudo das tradições filosóficas.
A vivência dos fenômenos do mundo.
O desenvolvimento do raciocínio abstrato.
Análise Detalhada da Questão
A questão apresenta um trecho da obra "Uma investigação sobre o entendimento humano" de David Hume e pergunta qual é a origem do conhecimento humano segundo o autor, com base nesse texto.
1. Leitura Atenta do Texto: O texto afirma que Adão, mesmo com faculdades racionais perfeitas, não poderia saber que a água sufoca ou que o fogo queima apenas observando suas qualidades sensíveis (fluidez, transparência, luminosidade, calor). Isso significa que as propriedades que percebemos pelos sentidos não revelam, por si sós, as causas ou os efeitos das coisas.
2. Identificação da Tese Central: A frase crucial é: "[...] tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem auxilio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato." Hume está explicitamente dizendo que a razão, sozinha, é insuficiente para conhecermos o mundo real, as "questões de fato". Esse conhecimento depende fundamentalmente do "auxílio da experiência".
3. Conclusão sobre a Origem do Conhecimento: O argumento de Hume no trecho demonstra que o conhecimento sobre como o mundo funciona (causas e efeitos, propriedades perigosas da água e do fogo) não é inato nem puramente racional, mas sim derivado da interação com o mundo, ou seja, da experiência.
4. Análise das Alternativas: * A alternativa A (potência inata da mente) e E (desenvolvimento do raciocínio abstrato) focam na razão ou em capacidades mentais independentes da interação com o mundo, o que é diretamente contrariado pelo texto ("sem auxílio da experiência"). * A alternativa B (revelação divina) não é mencionada e foge ao escopo da filosofia empirista de Hume. * A alternativa C (estudo das tradições) também não é abordada no texto como fonte primária do conhecimento factual. * A alternativa D (vivência dos fenômenos do mundo) corresponde diretamente à ideia de "auxílio da experiência" defendida por Hume no trecho. A "vivência dos fenômenos" é sinônimo de experiência.
5. Resposta Final: Portanto, com base no texto, a origem do conhecimento humano sobre as questões de fato é a experiência, ou seja, a vivência dos fenômenos do mundo.
Passo a passo:
Revisão de Conceitos: Empirismo de Hume
David Hume (1711-1776) foi um filósofo escocês, figura central do Empirismo. O empirismo é uma corrente filosófica que afirma que todo o conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensorial.
Hume distingue dois tipos de percepções da mente:
Ele também divide o conhecimento em dois tipos:
O trecho da questão foca nas "questões de fato", argumentando que nosso conhecimento sobre elas (como os efeitos da água e do fogo) depende inteiramente da experiência, e não pode ser deduzido apenas pela razão ou pela análise das qualidades sensíveis iniciais.
Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.