Acudiro. Nhola tinha ânsia, tonteira, celeração, corpo largado, não via nada, nem a lampa da candeia.
Dei chá de goiabeira. Esperei clareá o dia, bandiei o corgo, fui na casa da Delíria. Aí falei:
- Delíria, me prouve um insonso de sal, Nhola tá ruim...
Delíria me pruveu o sal.
Eu fiz um engrossado de farinha de milho, Nhola comeu, descansou, miorou e falou:
- Nunca comi comesinho tão bão. Louvado seja Deus.
Nóis demos gaitada... Aí correu mundo que Nhola teve vertige de fraqueza, falta de cumê... A casa se encheu de vizinho. Cada um trazendo uma coisa pra nóis. Até pedaço de capado e cuia de sal; café pilado e açúcar branco.
Nóis fiquemo tão contente... Nhola dava gaitada... virou uma infância.
CORALINA, Cora. Quadrinhos da vida. In: Estórias da casa velha da ponte. 13. ed. São Paulo: Global, 2006. p. 39-40.
A temática da pobreza
é abordada de maneira análoga nos dois textos, pois o primeiro sugere ajuda humanitária entre as classes sociais, e o segundo explicita um drama de ordem moral.
é tratada de modo igual em ambos os textos, uma vez que os problemas aos quais aludem não são minimizados por quaisquer ações governamentais.
surge associada a um problema de impossível solução nos quadrinhos e a uma questão político-religiosa no excerto literário.
surge associada a uma questão político-social nos quadrinhos e a um entrave social suavizado pela caridade no texto de Cora Coralina.