Acho que nunca falei do meu amigo parnasiano. Era poeta e jovem, hoje é mais poeta do que jovem. Fazia umas brincadeiras com a linguagem dos poetas parnasianos, transplantando-a para banalidades de hoje. (...) Não sei dizer quando esse amigo começou com a brincadeira. Talvez na faculdade de direito, e além do talvez não avanço. Uma noite, farreado, acabado e sem pouso, ele chegou a um daqueles hotéis de má fama que havia na Avenida Ipiranga, de escadaria longa, íngreme, estreita e desanimadora, e chamou lá de baixo:
— Estalajadeiro! Estalajadeiro!
Era já o parnasiano divertindo-se dentro dele. Um homem surgiu lá em cima, com má vontade. E o poeta, já possuído pela molecagem parnasiana, exclamou, teatral:
— Bom estalajadeiro! Tendes um catre para o meu repouso?
Recebeu de troco palavrões bocagianos.
(Ivan Angelo, Veja SP, 02/05/2012)
Considere estas afirmações:
I – O adjetivo “parnasiano”, atribuído ao amigo do narrador do texto, se deve à utilização de palavras pomposas, rebuscadas.
II – No último período, o termo “bocagianos” faz referência aos versos satíricos de Manuel Du Bocage, o mais importante autor do Parnasianismo lusitano.
III – Depreende-se, da leitura do texto, que os poetas parnasianos valorizavam o plano da expressão, em detrimento do plano do conteúdo.
Está correto o que se afirma em
I, apenas.
I e II, apenas.
II e III, apenas.
I e III, apenas.
I, II e III.