Acerca das razões apontadas para o final do Estado Novo (1937-1945) no Brasil, observe as proposições abaixo.
I. A contradição percebida na prática estadonovista ― externamente lutara contra regimes autoritários e centralizadores na segunda guerra mundial, e internamente mantinha um regime antidemocrático e centralizador ― é apontada como uma forte razão para a queda do regime.
II. A criação e a organização de vários partidos políticos compostos por adversários do regime, como o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Social Democrático (PSD) e, principalmente, a União Democrática Nacional (UDN), que formaram a mais forte oposição ao Estado Novo, levando-o ao seu final.
III. A nomeação de Benjamin Vargas, irmão de Getúlio Vargas, um civil, para o cargo de chefe de polícia do Distrito Federal, tradicionalmente ocupado por militares, desagradou profundamente aos setores militares, o que contribuiu para a queda do regime.
É correto o que se afirma em
I, II e III.
I e II apenas.
I e III apenas.
II e III apenas.
A questão solicita a análise de três proposições sobre as razões para o final do Estado Novo (1937-1945) no Brasil. Vamos analisar cada uma delas:
I. A contradição percebida na prática estadonovista — externamente lutara contra regimes autoritários e centralizadores na segunda guerra mundial, e internamente mantinha um regime antidemocrático e centralizador — é apontada como uma forte razão para a queda do regime.
Esta afirmação é CORRETA. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados (que lutavam contra regimes totalitários como o nazismo e o fascismo) criou uma grande contradição interna. O governo de Getúlio Vargas, o Estado Novo, era ele próprio um regime autoritário, centralizador e antidemocrático. Essa dissonância entre a política externa (de apoio à democracia) e a política interna (autoritária) gerou um desgaste significativo para o regime, fortalecendo as pressões por redemocratização.
II. A criação e a organização de vários partidos políticos compostos por adversários do regime, como o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Social Democrático (PSD) e, principalmente, a União Democrática Nacional (UDN), que formaram a mais forte oposição ao Estado Novo, levando-o ao seu final.
Esta afirmação é INCORRETA. Embora a União Democrática Nacional (UDN), fundada em abril de 1945, tenha sido de fato um importante polo de oposição a Vargas, a caracterização do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) como "adversários do regime" que formaram a "mais forte oposição" é imprecisa. O PSD foi formado em grande parte por interventores estaduais e figuras ligadas ao próprio Estado Novo, com o objetivo de dar sustentação a uma eventual candidatura de Vargas ou de um sucessor por ele apoiado nas eleições previstas. O PTB também foi criado em maio de 1945, com forte influência de Vargas e do Ministério do Trabalho, visando canalizar o apoio dos trabalhadores urbanos. A formação desses partidos ocorreu já no contexto da liberalização do regime em 1945, quando Vargas anistiou presos políticos, convocou eleições e permitiu a reorganização partidária. Portanto, eles foram mais uma consequência do processo de desmonte do Estado Novo e uma preparação para o cenário político subsequente do que a causa primordial de sua queda como "forte oposição organizada" durante a vigência do regime. A UDN sim, era francamente oposicionista, mas a generalização para PSD e PTB como forças que levaram ao fim do regime pela oposição é equivocada.
III. A nomeação de Benjamin Vargas, irmão de Getúlio Vargas, um civil, para o cargo de chefe de polícia do Distrito Federal, tradicionalmente ocupado por militares, desagradou profundamente aos setores militares, o que contribuiu para a queda do regime.
Esta afirmação é CORRETA. Em agosto de 1945, Getúlio Vargas nomeou seu irmão, Benjamin Vargas (conhecido como "Bejo"), para a chefia de polícia do Distrito Federal (então Rio de Janeiro). Essa nomeação foi muito mal recebida pelos altos comandos militares, que já desconfiavam das intenções de Vargas em relação à transição democrática. Os militares temiam que Vargas estivesse tentando criar uma força armada pessoal ou aparelhar a polícia para resistir à sua deposição ou para tumultuar o processo eleitoral. Esse episódio, conhecido como o "Caso Benjamin Vargas", acirrou os ânimos e foi um dos estopins para o ultimato militar que resultou na deposição de Getúlio Vargas em 29 de outubro de 1945.
Como as proposições I e III estão corretas e a proposição II está incorreta, a alternativa correta é a que indica "I e III apenas".
Para resolver esta questão, é fundamental compreender os seguintes conceitos e fatos históricos: