UEFS Caderno 1 2016/1

Abaixo, segue um fragmento do poema “O Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes.

[1] Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

[5] Ele subia com as casas

Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia

De sua grande missão:

Não sabia, por exemplo,

[10] Que a casa de um homem é um templo

Um templo sem religião

Como tampouco sabia

Que a casa que ele fazia

Sendo a sua liberdade

[15] Era a sua escravidão.

 

De fato como podia

Um operário em construção

Compreender porque um tijolo

Valia mais do que um pão?

[20] Tijolos ele empilhava

Com pá, cimento e esquadria

Quanto ao pão, ele o comia

Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia

[25] Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento

 

Além uma igreja, à frente

Um quartel e uma prisão:

[30] Prisão de que sofreria

Não fosse eventualmente

Um operário em construção.

Mas ele desconhecia

Esse fato extraordinário:

[35] Que o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.

De forma que, certo dia,

À mesa, ao cortar o pão,

O operário foi tomado

[40] De uma súbita emoção

Ao constatar assombrado

Que tudo naquela mesa

— Garrafa, prato, facão,

Era ele quem fazia

[45] Ele, um humilde operário,

Um operário em construção. [...]

MORAES, Vinícius. O Operário em Construção. Rio de Janeiro, 1959. Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesiaavulsas/ o-operario-em-construcao>. Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado.

 

Sobre o fragmento do poema de Vinícius de Moraes, é incorreto afirmar que o operário, a quem o eu poético se refere,

a

é visto, inicialmente, como um indivíduo subjugado e sem liberdade, ao ser comparado a um “pássaro sem asas” (v. 4).

b

não consegue fazer de seu trabalho um meio de libertação e acaba, contraditoriamente, na condição de oprimido, denunciada por meio do paradoxo presente nos versos “a casa que ele fazia/Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão.” (v. 13-15).

c

tem consciência crítica de sua mais-valia, luta por seus direitos e busca reverter a situação ao questionar “como podia/ Um operário em construção/ Compreender por que um tijolo/ Valia mais do que um pão?” (v. 16-19).

d

dá-se conta, em uma súbita constatação, de que tudo à sua volta é fruto de seu trabalho, “— Garrafa, prato, facão/ Era ele quem fazia” (v. 43-44).

e

constrói sua consciência ao longo do texto, criando uma dicotomia entre a construção de habitações e objetos e a construção de seu próprio olhar crítico, na condição de um “humilde operário” (v. 45) explorado pelo sistema econômico.

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C
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