A voz subterrânea
Às vezes ouvia-se um canto surdo,
que parecia vir debaixo da terra.
Até que os homens da superfície,
para desvendar o mistério,
puseram-se a fazer escavações.
Sim! eram os homens das minas,
que um desabamento ali havia aprisionado.
E ninguém suspeitava da sua existência,
porque já haviam passado três ou quatro gerações!
Mas a luz forte das lanternas não os ofuscou:
eles estavam cegos
– todos, homens, mulheres, crianças.
Eles estavam cegos... e cantavam!
QUINTANA, Mario. Baú de espantos. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.
Os sinais de pontuação são importantes elementos de expressividade em textos de caráter poético. Assim, em “A voz subterrânea”, é CORRETO afirmar que
os pontos de exclamação nos versos 6 e 9 têm a mesma finalidade, a saber, rechaçar a incredulidade do autor frente os eventos apresentados.
os dois-pontos usados no verso 10 servem para introduzir uma elucidação sobre a afirmação feita antes desse sinal, no mesmo verso.
o travessão do verso 12 introduz um diálogo metafórico, por isso pode também ser entendido como um elemento de realce.
as reticências do verso 13 pervertem o momento de maior tensão do texto, criando um paradoxo entre as duas orações do mesmo verso.
a vírgula do verso 6 possibilita a ordem indireta da oração adjetiva do verso 7, pois introduz uma explicação quando uma restrição era esperada.