A viagem da família Gattai começara, em realidade, dois anos antes de embarcarem no "Città di Roma", em Gênova. Meu avô tivera a oportunidade de ler um livreto intitulado: "I Comune in Riva ai Maré”, escrito por um certo Dr. Giovanni Rossi — que assinava com o pseudônimo de Cárdias —, misto de cientista, botânico e músico. No folheto que tanto fascinara meu avô, Cárdias idealizava a fundação de uma "Colônia Socialista Experimental", num país da América Latina — não especificava qual —, uma sociedade sem leis, sem religião, sem propriedade privada, onde a família fosse constituída de forma mais humana, assegurando às mulheres os mesmos direitos civis e políticos que aos homens.
GATTAI, Zélia, Anarquistas graças a Deus. Rio de Janeiro: Record, p. 111.
A Colônia Cecília, fundada por italianos anarquistas no Paraná em 1890, foi uma das experiências imigratórias no Brasil. A esse respeito, é correto afirmar:
Muitas outras colônias semelhantes foram formadas no Brasil no século XIX devido à forte influência do anarquismo entre os imigrantes italianos.
A experiência anarquista da Colônia Cecília destoava das características das estruturas agrárias, comportamentais e religiosas predominantes no Brasil.
A Colônia Cecília estruturou-se com base nas experiências de parceria e solidariedade estabelecidas pelo senador Nicolau de Campos Vergueiro.
O investimento público em tecnologia para o beneficiamento do café foi uma das particularidades da Colônia Cecília.
Na Colônia Cecília, trabalhavam imigrantes e africanos escravizados em um sistema ordenado pela complementação de atividades.