“ A terra contava com dois bilhões de habitantes, ou seja, 500 milhões de homens e um bilhão e meio de indígenas. Os primeiros dispunham do Verbo, os outros o pediam emprestado. Entre uns e outros, reis de fancaria, feudais, uma burguesia inteiramente falsa, serviam de intermediários. Perante colônias, a verdade se mostrava nua: as ‘metrópoles’ queriam que ela se apresentasse vestida; era preciso que o indígena as amasse. Como se, de algum modo, fossem mães. A elite europeia procurou fabricar um indigenato de elite; selecionavam-se adolescentes que tinham sobre a testa, marcados a ferro, os princípios da cultura ocidental e a boca recheada de mordaças sonoras, belas palavras pastosas que se colavam aos dentes; após uma breve estada na metrópole eram enviados de volta, truncados. Mentiras ambulantes, nada mais tinham a dizer a seus irmãos. Lançávamos as palavras ‘Partenon! Fraternidade!’ e, abriam: ‘...tenon! nidade!’ Era a idade de outro”. (Jean-Paul Sartre, 1961, citado por LINHARES, Maria Yeda. A luta contra a Metrópole. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 52).
O filósofo Jean-Paul Sartre, citado acima, tornou-se uma das principais vozes anticolonialistas da Europa. Sobre os processos de descolonização no século XX é CORRETO afirmar que:
A Europa criou mecanismos humanitários para implementar a rápida descolonização de suas antigas colônias ainda existentes na África, a exemplo da Argélia, antiga colônia francesa que recebeu total apoio em suas lutas de libertação.
Os povos africanos e asiáticos aceitaram pacificamente a dominação colonial posto que o contato com o europeu proporcionava grandes benefícios econômicos e sociais, além do intercâmbio cultural entre colônias e metrópoles.
Mahatma Gandhi, considerado o idealizador e fundador do moderno estado indiano, foi um contundente defensor a luta armada como meio para se realizar a revolução e libertação de seu povo.
A partir do texto de Sartre depreende-se que, de forma geral, a posição do europeu, no processo de colonização, foi de aceitação dos povos colonizados, valorizando-se as trocas culturais entre colônias e metrópoles.
A Segunda Guerra Mundial foi um fator relevante para os processos de descolonização contemporâneos, uma vez que a crise econômica, política e social instaurada nos países europeus colonizadores enfraqueceu seu controle sobre suas colônias.