Instituto Rio Branco 2023

Texto para responder às questões 4 e 5.

1 Mas não há casa-grande sem a senzala, e foi em torno

desse duo, que parece composto de opostos, porém na

verdade abrange partes contíguas, que Gilberto Freyre

4 publicou, em 1933, seu clássico Casa-grande & senzala,

evidenciando as contradições e relações que se

estabeleciam entre senhores e escravos. O próprio “&” do

7 título original já revela como o antropólogo pernambucano

entendia a importância da correlação entre esses dois

extremos. “Equilíbrio de antagonismos de economia e de

10 cultura” foi a expressão utilizada por ele para demonstrar

como paternalismo e violência, mas também negociação de

parte a parte, coexistiam nesse cotidiano.

13 \(\quad \quad\) “Senzala” é um termo do quimbundo que significa

“residência de serviçais em propriedades agrícolas”, ou

“morada separada da casa principal”. Nas senzalas da cana

16 residiam dezenas de escravos, que podiam chegar às

centenas, com frequência presos pelos pés e braços,

deitados em chão de terra e em péssimas condições de

19 higiene ‒ como ter numerosos escravos era sinal de

prosperidade e abastança, o senhor preferia quantidade a

qualidade. As circunstâncias variavam: por vezes os

22 escravos eram alojados coletivamente; em outras situações

foram achados registros de barracões distintos para homens

e para mulheres, e em alguns casos até mesmo alojamentos

25 para casais com filhos. No Nordeste, o mais normal era

encontrar barracas contíguas, dispostas em filas e a certa

distância da casa-grande. As senzalas eram trancadas à

28 noite por feitores, a fim de evitar fugas e de estabelecer

disciplina, pois dessa maneira se determinava o horário de

se recolher e de despertar. [...]

31 Por sinal, diversos elementos faziam parte da

performance de senhor “aristocrata”: as roupas, a mobília,

os cavalos puros-sangues, a alfabetização numa terra de

34 iletrados, a capacidade de mando. [...] Na medida em que

eram considerados pagãos, tanto indígenas como africanos,

apesar de batizados e transformados em vassalos,

37 continuavam sem direitos. Dessa forma, as divisões entre

“gentios” e “índios aldeados”, ou entre “africanos”,

“boçais” (aqueles recém-chegados) e “ladinos”

40 (aculturados), representavam gradações culturais que

demarcavam hierarquias internas, as quais, no limite,

implicavam maior ou menor exclusão social. Os mais de

43 dentro e os mais de fora.

[...] Essas populações podiam ser denominadas

simplesmente mestiças (provenientes de uniões entre

46 escravos e seus senhores); cabras (termo que quase sempre

se referia à mistura do índio com o negro); morenas

(palavra que vem de “mouro” mas guarda antes o

49 significado “de cor escura”), ou pardas: a cor parda ainda

hoje consta no censo brasileiro, e mais parece um

“nenhuma das anteriores”, um grande et cetera ou um

52 coringa da classificação.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma

biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, com adaptações.

A respeito dos recursos linguísticos presentes no texto, julgue (C ou E) os itens a seguir.

A substituição de “puros-sangues” (linha 33) por puros-sangue manteria a correção quanto ao emprego de plural desse adjetivo.

c

Certo

e

Errado

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Resposta
E
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