A respeito do poema abaixo, da poetisa potiguar Auta de Souza, é correto afirmar:
À ALMA DE MINHA MÃE
Auta de Souza
Partiu-se o fio branco e delicado
Dos sonhos de minh'alma desditosa...
E as contas do rosário assim quebrado
Caíram como folhas de uma rosa.
Debalde eu as procuro lacrimosa,
Estas doces relíquias do Passado,
Para guardá-las na urna perfumosa,
Do meu seio no cofre imaculado.
Aí! se eu ao menos uma só pudesse
D'estas contas achar que me fizesse
Lembrar um mundo de alegrias doidas...
Feliz seria... Mas minh'alma atenta
Em vão procura uma continha benta:
Quando partiste m'as levaste todas!
Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/asouza27p.html,consultado em 14/11/2013.
O poema denota uma contaminação da poética pelas experiências vividas, sem contudo perder o valor estético e o lirismo inerente à poesia romântica.
Tal qual uma grande parcela dos escritos femininos, as experiências pessoais e as impressões a respeito da realidade são fatores que ofuscam o lirismo da poesia.
Encontra-se presente no poema a visão tradicionalista da poesia potiguar, que valoriza demasiadamente os preceitos da família tradicional e tem na morte um refúgio.
A despeito da tematização em torno da tradição e da valorização da família na pessoa da mãe, o poema expressa valores modernistas, que se vê com o uso de “alegrias doidas”.