A respeito da obra de Carlos Drummond de Andrade, é incorreto afirmar que
a sua poética mantém uma relação ambígua com a memória, com traços de esperança, embora sem saudosismo ou idealização, como atestam os versos: “Pois de tudo fica um pouco./ Fica um pouco de teu queixo/ no queixo de tua filha.” (“Resíduo”).
( ) não é sua característica tratar do amor como luxúria carnal que intensifica a dor de amar, conforme atestam os versos: “Não cantarei amores que não tenho,/ e, quando tive, nunca celebrei.” (“Nudez”).
não é marcada por terna evocação saudosista do passado, como atestam os versos: “E de tudo fica um pouco./ Oh abre os vidros de loção/ e abafa/ o insuportável mau cheiro da memória.” (“Resíduo”).
o poeta jamais demonstra dúvidas relativamente ao amor, conforme atestam os versos: “Amarei mesmo Fulana?/ ou é ilusão de sexo?” (“O mito”).
o poeta não evita o tema da memória e só trata da expectativa do futuro, como atestam os versos: “Amanhecem de novo as antigas manhãs/ que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.” (“Campo de flores”).