UPF Inverno 2018

A questão refere-se ao texto “O valor da verdade na era do fake news”.

 

O valor da verdade na era do fake news

O jornalismo, não como empresa, mas como instituição, precisa criar um escudo para se proteger dessas práticas obscuras 

 

[1]     Já dizia o filósofo e escritor italiano Umberto Eco: “O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da

[2] verdade.” Segundo ele, os “idiotas da aldeia” tinham o direito à palavra em um bar após uma taça de vinho, mas sem prejudicar a

[3] coletividade. Com o advento das redes sociais, no entanto, hoje eles “têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”. A teoria

[4] de Eco é comprovada por um levantamento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação da USP,

[5] na semana que antecedeu a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em abril de 2016.

[6]     A diligência, que investigou mais de 8 mil reportagens publicadas em jornais, revistas, sites e blogs no período, concluiu que três

[7] das cinco notícias mais compartilhadas no Facebook eram falsas. Juntos, os textos tiveram mais de 200 mil compartilhamentos, o que

[8] nos leva a crer que mais de 1 milhão de pessoas tenham sido impactadas por notícias falsas em menos de uma semana.

[9]     A má notícia (e essa não é falsa) é que a onda de inverdades não se restringiu ao processo de impeachment de Dilma Rousseff –

[10] ela está presente em nosso dia a dia e hoje influencia discussões nas mais diferentes áreas, da política ao esporte, passando pela

[11] economia e pela cobertura ambiental. Vivemos a era do fake news, na qual blogs com interesses escusos deturparam o princípio básico

[12] do jornalismo, que é a imparcialidade, para manipular a opinião pública de acordo com os interesses de determinados grupos. Nos

[13] últimos anos, essa se tornou uma atividade altamente lucrativa – talvez até mais rentável que o jornalismo de verdade. Prova disso é

[14] que atualmente existe uma verdadeira indústria que movimenta bilhões de dólares por ano através dos fake facts.

[15]     Mas nem só de blogs sujos vive o fake news. Em um momento de debates polarizados, de “nós contra eles”, muitos profissionais

[16] da área têm misturado jornalismo com ativismo, levando a desinformação até mesmo aos veículos que gozam de credibilidade junto

[17] ao seu público. O que pouca gente se dá conta é que notícias falsas ou coberturas jornalísticas tendenciosas podem afetar não somente

[18] a política, como também pessoas e empresas, destruindo a reputação e gerando prejuízos bilionários às corporações.

[19]     O jornalismo, não como empresa, mas como instituição, precisa criar um escudo para se proteger dessas práticas obscuras e não

[20] ser predado pelo fake news. É cada vez mais necessário zelar pela história, pelos valores e pelos princípios dos veículos tradicionais

[21] – e sobretudo pela credibilidade conquistada por eles ao longo de décadas. Muitos desses meios de comunicação contam atualmente

[22] com checadores profissionais de informações, uma arma eficiente na busca pela diferenciação. Outros apostam em parcerias com

[23] empresas especializadas em checagem de notícias, um negócio novo, mas que se tornou altamente relevante nos dias de hoje. Até

[24] mesmo companhias como Facebook, Google e Twitter – que não produzem conteúdo, apenas os distribuem entre seus usuários – vêm

[25] investindo fortemente em ferramentas de checagem, buscando aumentar a credibilidade de seus serviços.

[26]     Mas a busca pela verdade, é preciso dizer, não é uma tarefa exclusiva dos veículos de comunicação. Do lado do leitor, também é

[27] preciso cuidado para interpretar as notícias, avaliar a credibilidade de quem as veicula e, principalmente, não colaborar para a difusão

[28] de conteúdos falsos, uma tarefa que acaba dificultada pelo cunho ideológico dos principais virais. A luta contra o fake news precisa

[29] ser encarada como uma via de mão dupla. Se por um lado é preciso criar uma relação de confiança com o leitor, esse, por sua vez,

[30] precisa valorizar as fontes confiáveis. Em tempos de pós-verdade, somente o bom jornalismo pode fazer a diferença para a sociedade.

[31] Essa é a informação que vale.

(NASSAR, Paulo. O valor da verdade na era do fake news. 26/02/2018. Disponível em http://noticias.botucatu.com.br/2018/02/26/opiniao-o-valor-da-verdade-na era-do-fake-news/. Adaptado. Acessado em 25 mar. 2018)

Sobre o texto “O valor da verdade na era do fake news” e as expressões que o compõem, é incorreto afirmar:

a

Aldeia, além de ser uma povoação habitada apenas por índios, uma maloca ou aldeamento, também pode ser uma povoação de pequenas proporções, menor do que a vila; uma povoação rural ou povoado. Assim, quando se refere ao “idiota da aldeia” (linha 1), Umberto Eco, de forma apropriada, faz referência a um indivíduo que vive num local de dimensões não globais.

b

A polarização é a modificação de raios luminosos, os quais, depois de refletidos ou refratados, não podem mais refletir-se ou refratar-se em certas direções. Desse modo, ao referir “um momento de debates polarizados” (linha 15), o autor faz menção a um momento em que há debates que se refletem em diferentes áreas e posturas, o que se mostra coerente com a ideia desenvolvida.

c

Ativismo é uma atitude moral cujas raízes têm maior relação com a vida e com a ação do que com os princípios teóricos. Além disso, é a propaganda ativa do serviço de uma doutrina ou ideologia. Assim, ao afirmar que “muitos profissionais da área têm misturado jornalismo com ativismo” (linhas 15 e 16), o autor sugere que esses profissionais estão valendo-se da posição que ocupam para dar visibilidade a questões relacionadas às suas convicções ideológicas, não necessariamente convergentes com o caráter imparcial que deveria ser inerente ao jornalismo.

d

Predar significa destruir ou atacar com violência, apanhando ou matando uma presa. Predado, portanto, é aquele ou aquilo que é caçado ou destruído. Desse modo, quando afirma que o jornalismo “precisa criar um escudo para se proteger dessas práticas obscuras e não ser predado pelo fake news” (linhas 19 e 20), o autor reconhece que, caso não adote uma postura de proteção, o jornalismo será caçado pelo fake news.

e

Checar significa verificar, confrontar, comparar. Desse modo, em “Muitos desses meios de comunicação contam atualmente com checadores profissionais de informações” (linhas 21 e 22), o autor utilizou o termo checadores com propriedade vocabular, pois, a partir de um processo de derivação sufixal, acrescentou à palavra primitiva checar o sufixo dor(es), o que resultou na formação de um novo substantivo, que se mostrou apropriado ao contexto.

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D
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