IFRR Subsequente 2017/2

A questão refere-se ao texto de Rubem Braga que segue:

 

O PADEIRO

 

    Levanto cedo, faço a higiene pessoal, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento − mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a ―greve do pão dormido. De resto não é bem uma greve, é um lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

    Está bem. Tomo meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

    – Não é ninguém, é o padeiro!

    Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

    Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou por uma outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: ―não é ninguém, não senhora, é o padeiro. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

    Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação do jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

    Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estavam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi uma lição daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; ―não é ninguém, é o padeiro!. E assoviava pelas escadas.

(Rubem Braga, Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960. Adaptado)

Considerando o texto de Rubem Braga e o conceito de concordância nominal e verbal, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:

 

I – Se, no trecho Tomo meu café com pão dormido, acrescentássemos mais um substantivo feminino, como em Tomo meu café com pão e bolacha e mudássemos a posição do adjetivo dormido para depois da palavra bolacha, não seria necessário alterar a concordância do adjetivo dormido.

II – Em O jornal e o pão estavam bem cedinho na porta de cada lar observa-se correção quanto à norma culta da língua, pois há um verbo que concorda com um sujeito composto anteposto.

III – No fragmento e dentro do meu coração eu recebi uma lição daquele homem entre todos útil e entre todos alegre, seria correto concordar e não haveria prejuízo de sentido se útil e alegre estivessem no plural.

a

Apenas I está correta. 

b

Apenas III está correta.

c

Apenas II está correta.

d

I e II estão corretas. 

e

II e III estão corretas.

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C
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