A questão refere-se à obra Eu e outras poesias, de Augusto dos Anjos, indicada para este processo seletivo.
Leia o comentário de Ferreira Gullar sobre Augusto dos Anjos.
“Em Augusto dos Anjos, para quem o cotidiano inclui a morte como fenômeno material, como putrefação, a expressão do amor e da ternura às vezes se defronta com uma realidade bem mais que banal, repugnante.”
(GULLAR, Ferreira. “Augusto dos Anjos ou Vida e Morte Nordestina”, in Toda a poesia de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976, p.37.)
Esse comentário é melhor justificado pelo trecho:
“E no estrume fresquíssimo da gleba
Formigavam, com a simples sarcode,
O vibrião, o ancilóstomo, o colpode,
E outros irmãos legítimos da ameba.”
“O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.”
“No eterno horror das convulsões marítimas
Pareciam também corpos de vítimas
Condenados à Morte, assim como eu!”
“Amo meu pai na atômica desordem
entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins.”