A questão refere-se à obra “Campo Geral”, incluída no livro Manuelzão e Miguilim, de João Guimarães Rosa, indicada para este concurso.
“Resta explicar, rapazes, por que ligo tanto à Medicina. É ainda uma questão de pachorra, uma espécie de mal-aventurada dor-de-corno. Ninguém ignora que uma das... pegas infantis mais vulgarizadas no Brasil, e talvez no mundo, é perguntarem ao rapazinho o que ele vai ser na vida. Foi o que fizeram também comigo uma vez, eu não teria dez anos. Fiquei atrapalhado, com muita vergonha de mim, e de repente escapei: – Vou ser médico. [...] Me tornei médico às avessas, isto é, doente. Mais ou menos imaginário. Sou duma perfeição perfeccional no descrever os sintomas das doenças. Das minhas doenças. E finalmente a Medicina entorpeceu minhas leituras. [...] E quando encontro, em leituras outras, qualquer referência sobre Medicina, ficho.”
(ANDRADE, Mário de. Namoros com a medicina. São Paulo: Martins; Brasília, INL, 1972, p.7-8.)
Mário de Andrade certamente ficharia as passagens a seguir, transcritas de “Campo Geral”, EXCETO:
“Mas o Dito, de repente, pegava a fazer caretas sem querer, parecia que ia dar ataque. Miguilim chamava Vovó Izidra. Não era nada. Era só a cara da doença na carinha dele.”
“Era Vovó Izidra, moendo pó em seu fornilho, que era o moinho-de-mão, de pedra-sabão, com o pião no meio, mexia com o moente, que era pau cheiroso de sassafrás.”
“Vovó Izidra espremia no corte talo de bálsamo da horta, depois puderam amarrar um pano em cima de outro, muitos panos, apertados.”
“Vovó Izidra fez um pano molhado, com folhas-santas amassadas, amarrou na cabeça dele.”