"A questão agrária nos sertões cearense, em parte, tem sua essência na estrutura fundiária do Estado, uma estrutura fundiária fortemente concentrada, com origem no século XVII, a partir do regime de sesmarias. A doação de grandes extensões de terras voltadas para a pecuária no sertão semiárido favoreceu a constituição de uma elite agrária sertaneja. As fazendas de gado se multiplicavam rapidamente, não ocupando na mesma proporção a mão-de-obra que estava se formando na área. A produção de gado extensiva ocupou pouca mão-de-obra e teve na figura do vaqueiro um ator fundamental. No século XIX o algodão também se estabeleceu como produto importante na economia cearense".
(OLIVEIRA, 2005, p. 133. Disponível em https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-18072006- 132037/publico/CAPITULO3.pdf. Acesso 18/02/22).
A realidade fundiária do Ceará não difere muito daquelas encontradas no restante do Nordeste.
No que se refere à essa realidade é possível afirmar que:
Gradativamente os povos excluídos da posse da terra estão encontrando amparo legal e administrativo para que possam acessar e produzir na terra.
Os efeitos da concentração de terra no Ceará foram minorados ao longo do tempo em função da existência de uma exitosa política de assentamentos agrários.
A concentração de terras no Ceará e a consequente promoção da desigualdade e da pobreza, também criou condições para uma expropriação de terras ainda maior e exploração da mão-de-obra.
O recente crescimento da economia cearense se desvinculou por completo das atividades agropecuárias o que reduziu muito o regime de concentração de terras no Estado.
A concentração de terras no Ceará foi observada de maneira intensa nas áreas de serras e chapadas úmidas, mas não nas áreas sertanejas.