A produção do espaço se realiza sob a égide da propriedade privada do solo urbano, onde o espaço fragmentado é vendido em pedaços, tornando-se intercambiável a partir de operações que se realizam através e no mercado. Tendencialmente produzido como mercadoria, o espaço entra no circuito da troca, generalizando-se na sua dimensão de mercadoria. Nesse contexto, o espaço é fragmentado, explorado, e as possibilidades de ocupá-lo se redefinem, constantemente, em função da contradição crescente entre a abundância e a escassez, o que explica a emergência de uma nova lógica associada, e uma nova forma de dominação do espaço, que se reproduz ordenando e direcionando a ocupação a partir da interferência do Estado. Deste modo, o espaço é produzido e reproduzido, de um lado, enquanto espaço de dominação – como estratégia do Estado, portanto política - e de outro, como mercadoria reprodutível. Nesse contexto, o uso do espaço na metrópole subordina-se cada vez mais à troca e à reprodução do valor de troca, submetendo o uso às necessidades do mercado imobiliário.
Fonte: CARLOS, Ana Fani Alessandri. O Espaço Urbano: Novos Escritos sobre a Cidade. São Paulo: FFLCH, 2007.
A partir do texto acima, podemos concluir que:
A construção do espaço ocorre de forma harmoniosa, devido ao planejamento estatal, atendendo a todas as demandas sociais.
O espaço é fruto, exclusivamente, da ação do Estado, sem levar em consideração o capital privado.
O desenvolvimento de políticas públicas está relacionado à construção do espaço, onde o Estado, juntamente com os agentes do capital privado, pensa as diversas formas de organização e reestruturação do espaço.
A produção de espaço ocorre única e exclusivamente para atender as demandas sociais e buscando soluções para possíveis problemas de ordem ambiental.
A construção do espaço não está relacionada à especulação imobiliária e muito menos ao processo de segregação socioespacial, pois a ação do Estado garante a manutenção de todos os direitos daqueles que ocupam o espaço urbano.