A peça Auto da Compadecida foi escrita por Ariano Suassuana em 1955 e encenada pela primeira vez nos palcos em 1956. No final dos anos 1990, alcançou grande sucesso de crítica e público, quando ganhou uma versão para a TV, em formato de uma minissérie e, posteriormente, de filme.
A respeito do texto dramatúrgico – que compõe o acervo do Teatro Brasileiro Moderno – e em se considerando enredo e aspectos técnicos, é CORRETO afirmar que
inaugura o Movimento Armorial, criado por Suassuna, que tem entre seus principais objetivos a divulgação da arte popular nordestina em consonância com os valores da cultura erudita. Tais elementos são perceptíveis nos intertextos com a literatura de cordel e com o teatro vicentino do Humanismo.
contrapõe as figuras do Palhaço e da Compadecida. Aquele representa o mundo material e acentua seu lado corrupto e injusto – como nos casos da Igreja que se vende e do Padeiro que explora a pobreza. Esta mostra a possibilidade da redenção espiritual a partir da vivência da religiosidade, como a de João Grilo.
do ponto de vista técnico, o autor concebe o texto como uma representação dentro de outra representação. O Palhaço faz o papel do corifeu ao representar o autor e apresentar o enredo, orientando o público quanto ao que deve esperar do texto e os atores em como se desenvolver no palco-picadeiro.
inova ao se constituir como o primeiro texto literário de caráter crítico-social da realidade brasileira ao focar nas experiências dos nordestinos pobres, humilhados e explorados pelos poderosos, e relegados a engrossar as carreiras de invisibilidade social, como se percebe nos personagens Severino, João Grilo e Chicó.
sobrepõe aos aspectos caricaturescos da realidade nordestina o teatro medieval de Gil Vicente, de onde parte a inspiração principal, a confecção de um auto em que a moral católico-cristã seja elevada e o bem – representado por Manuel e pela Compadecida - sobreponha-se ao mal – representado pelo Encourado.