ENEM 2017

A moralidade, Bentham exortava, não é uma questão de agradar a Deus, muito menos de fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a maior quantidade de felicidade possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos, portanto, perguntar qual curso de conduta promoveria a maior quantidade de felicidade para todos aqueles que serão afetados.

RACHELS, J. Os elementos dafilosofia moral. Barueri-SP: Manole, 2006.

Os parâmetros da ação indicados no texto estão em conformidade com uma

a
fundamentação científica de viés positivista.
b
convenção social de orientação normativa.
c
transgressão comportamental religiosa.
d
racionalidade de caráter pragmático.
e
inclinação de natureza passional.
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Resposta
D
Tempo médio
1 min

Resolução

Passo 1: Compreensão do Texto Base

O texto apresenta a visão moral de Jeremy Bentham. Ele afirma que a moralidade não se baseia em agradar a Deus ou seguir regras abstratas. Em vez disso, o objetivo da moralidade é maximizar a felicidade ("criar a maior quantidade de felicidade possível neste mundo") para o maior número de pessoas afetadas por uma ação.

Passo 2: Identificação do Princípio Central

O princípio central da filosofia de Bentham, conforme descrito, é o Princípio da Utilidade ou da Maior Felicidade. As ações são consideradas corretas na medida em que tendem a promover a felicidade e incorretas na medida em que tendem a produzir o contrário da felicidade. A decisão sobre o que fazer envolve um cálculo das consequências em termos de felicidade geral.

Passo 3: Análise das Alternativas à Luz do Princípio Central

Devemos avaliar qual das opções descreve melhor essa abordagem baseada na maximização da felicidade e na avaliação das consequências.

  • A - fundamentação científica de viés positivista: Embora o utilitarismo busque uma base racional e até calculável para a moral, ele não é estritamente uma teoria científica no sentido positivista (que enfatiza a observação empírica e o método científico como única fonte de conhecimento válido). A ética utilitarista é uma teoria filosófica normativa.
  • B - convenção social de orientação normativa: Bentham critica a simples adesão a regras ou convenções. A moralidade, para ele, não deriva da convenção social, mas sim do princípio da utilidade, que pode inclusive ser usado para criticar convenções existentes se elas não promoverem a maior felicidade.
  • C - transgressão comportamental religiosa: O texto explicitamente opõe a visão de Bentham à ideia de agradar a Deus. A moralidade utilitarista é secular e não se define pela transgressão (ou obediência) a preceitos religiosos, mas sim pela promoção da felicidade.
  • D - racionalidade de caráter pragmático: Esta opção se encaixa bem. A abordagem de Bentham é racional porque envolve avaliar cursos de ação e suas consequências ("perguntar qual curso de conduta promoveria..."). É pragmática porque se concentra nos resultados práticos e concretos das ações (a quantidade de felicidade produzida) como critério para a decisão moral, em vez de se basear em princípios abstratos ou deveres a priori.
  • E - inclinação de natureza passional: Embora a felicidade (o objetivo final) envolva sentimentos e paixões, o método proposto por Bentham para decidir como agir não é baseado em inclinações passionais momentâneas do agente, mas sim em um cálculo racional das consequências para todos os envolvidos.

Passo 4: Conclusão

A descrição da moralidade de Bentham no texto – uma avaliação racional das ações com base em suas consequências práticas (promoção da felicidade geral) – corresponde a uma racionalidade de caráter pragmático. Portanto, a alternativa D é a correta.

Dicas

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Qual é o objetivo final da moralidade segundo Bentham, de acordo com o texto?
Como Bentham sugere que devemos decidir o que fazer?
Qual palavra descreve melhor uma abordagem focada em resultados práticos e na eficácia para atingir um objetivo?

Erros Comuns

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Confundir Utilitarismo com Positivismo (Alternativa A), por ambos terem uma pretensão de racionalidade e objetividade.
Achar que o Utilitarismo se baseia em normas sociais (Alternativa B), sem perceber que ele oferece um critério *para avaliar* essas normas.
Interpretar a rejeição à moral religiosa como sendo, em si, uma 'transgressão' (Alternativa C), em vez de uma proposta de fundamentação alternativa.
Não compreender o significado de 'pragmático' e como ele se aplica à ênfase utilitarista nas consequências práticas.
Pensar que, por visar a felicidade (um estado passional), o método de decisão também seria passional (Alternativa E), ignorando o aspecto calculista e racional enfatizado por Bentham.
Revisão

A questão aborda o Utilitarismo, uma teoria ética proeminente na filosofia moderna, especialmente associada a Jeremy Bentham e John Stuart Mill.

Principais Conceitos:

  • Consequencialismo: Doutrina ética que avalia a moralidade de uma ação com base em suas consequências. Ações são corretas se produzem boas consequências, incorretas se produzem más consequências.
  • Princípio da Utilidade (ou da Maior Felicidade): O fundamento da moral utilitarista. Afirma que a ação correta é aquela que maximiza a felicidade (ou prazer, bem-estar) e minimiza o sofrimento (ou dor) para o maior número de indivíduos afetados pela ação.
  • Hedonismo (em Bentham): A visão de que a felicidade consiste fundamentalmente em prazer e ausência de dor. Bentham acreditava que prazeres e dores poderiam ser quantificados (cálculo hedonístico).
  • Imparcialidade: O utilitarismo exige que a felicidade de cada indivíduo conte igualmente na avaliação das consequências.

Bentham opunha sua teoria a éticas baseadas em deveres absolutos (deontologia), leis divinas ou regras abstratas que não levassem em conta as consequências práticas das ações sobre o bem-estar das pessoas.

23%
Taxa de acerto
10.2
Média de pontos TRI
Habilidade

Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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