“A matéria-prima do coronelismo era o voto. É ilusório pensar que o poder do coronel se baseava apenas na coerção, pois o voto era, na verdade, um bem de barganha, de troca, que o eleitor possuía: através dele o eleitor, muitas vezes pequeno produtor ou pequeno comerciante, podia receber “favores” do coronel, ou jogar com vários coronéis. Essa era, em tese, a margem de manobra que muitas vezes possuíam grupos economicamente menos privilegiados, em uma sociedade altamente diferenciada econômica e politicamente.” FRAGOSO, José Luiz, Francisco C. Teixeira da. A política no Império e no inicio da República Velha: Dos barões aos coronéis. In: História Geral do Brasil. p. 214.
As considerações contidas no texto sobre o fenômeno político do coronelismo na República Velha brasileira, evidenciam que
o poder de um coronel dependia da quantidade de votos nas eleições, usando somente o poder coercitivo, para influir na política nacional e regional.
a estrutura do processo eleitoral transformava o voto em um poder político sem reflexos nos poderes republicanos, tanto no âmbito nacional como no regional.
a barganha pelo voto não afetava os centros urbanos, onde se destacava a política dos governadores, mas somente o mundo rural.
os “favores” (do coronel) eram direcionados a uma sociedade que apresentava igualdade econômica e política e o voto representava uma força política dos “apadrinhados” do coronel.
a importância do voto, em uma sociedade destituída de direitos básicos, possibilitava aos menos privilegiados “favores”, pois o coronel, pelo número de votos nas eleições, estabelecia sua autoridade nas relações de poder, em âmbito nacional e regional.