“A mão de obra empregada na montagem dos engenhos de açúcar no Brasil foi predominantemente indígena. Uma parte dos índios (recrutados em aldeamentos jesuíticos no litoral) trabalhava sob regime de assalariamento, mas a maioria era submetida à escravidão. Os primeiros escravos africanos começaram a ser importados em meados do século XVI; seu emprego nos engenhos brasileiros, contudo, ocorria basicamente nas atividades especializadas”.
MARQUESE, Rafael de B. A dinâmica da escravidão no Brasil. Resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Revista Novos estudos.CEBRAP. São Paulo, n.74, 2006.
Sobre a transição do trabalho indígena para o trabalho escravo africano, no Brasil colonial, podemos afirmar:
O emprego da mão de obra escrava africana foi o resultado da demanda interna dos colonos e de pressões externas dos traficantes no plano da oferta.
O tráfico dinamizava o comércio interno da colônia, pois o escravo representava um quinto do investimento de um engenho e metade do investimento dos lavradores.
Os lucros dos engenhos eram investidos na compra de escravos indígenas, ficando, assim, garantida a transferência da renda do setor produtivo para o mercantil.
No Brasil colônia, a Igreja defendeu a liberdade dos africanos, em oposição à escravidão indígena, cuja exploração mercantil enriquecia os colonos.
Os índios, acostumados ao trabalho esporádico e livre, não conseguiram trabalhar com as regras e a disciplina que a economia açucareira exigia.