FAGOC 2015

A mão ativa o cérebro

 

palavra escrita no papel está ameaçada de extinção pelo computador – e isso pode não ser bom para o ensino.

 

O momento em que o homem começou a expressar‐se por meio da escrita, gravando caracteres em tabletas de argila há cerca de 5.000 anos, marca o fim da pré‐história e a pedra fundamental das civilizações tal como as conhecemos hoje. Mas a maneira como desde então a humanidade vem perpetuando sua memória e transmitindo conhecimento de uma geração para outra pode virar peça de museu. Na semana passada, uma decisão tomada nos Estados Unidos veio reforçar essa ideia que tanto atormenta os (cada vez mais raros) entusiastas do lápis e do papel. Em ato inédito, o governo do estado de Indiana desobrigou as escolas de ensinar a escrita cursiva (aquela em que as letras são emendadas umas nas outras) e recomendou que elas passassem a dedicar‐se mais à digitação em teclados de computador – decisão que deve ser acompanhada por outros quarenta estados seguidores do mesmo currículo. Oficializa‐se com isso algo que, na prática, já se percebe de forma acentuada, inclusive no Brasil. Diz a VEJA o especialista americano Mark Warschauer, professor da Universidade da Califórnia: “Ter destreza no computador tornou‐se um bem infinitamente mais valioso do que produzir uma boa letra”.  

  Ninguém de bom‐senso discorda disso. Um conjunto recente de pesquisas na área da neurociência, no entanto, sugere uma reflexão acerca dos efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel. Por meio da observação do cérebro de crianças e adultos, verificou‐se de forma bastante clara que a escrita de próprio punho provoca uma atividade significativamente mais intensa que a da digitação na região dedicada ao processamento das informações armazenadas na memória (o córtex pré‐frontal), o que tem conexão direta com a elaboração e a expressão de ideias. Está provado também que o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios naquela parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das palavras, contribuindo assim para a fluidez na leitura. Com a digitação, essa área fica inativa. “Pelas habilidades que requer, o exercício da escrita manual é mais sofisticado, por isso põe o cérebro para trabalhar com mais vigor”, explica a neurocientista Elvira Souza Lima, especialista em desenvolvimento humano. Isso só vem reforçar a complexidade do problema sobre o qual as escolas estão hoje debruçadas.

 

(BARRUCHO, Luís Guilherme. A mão ativa o cérebro. Veja, edição 2227, 27 jul. 2011.)

O texto aponta aspectos acerca do ato de escrever através dos tempos; considerando‐se as informações apresentadas, analise as afirmativas a seguir.

 

I. Um paralelo entre os efeitos do computador e a tendência apresentada no texto em relação à escrita demonstra que tal discussão não está encerrada, mas sim que há uma necessidade de que haja uma reflexão maior em torno de tal assunto.

II. Em uma sociedade, a transmissão do conhecimento assim como a perpetuação da memória estão intimamente ligadas à escrita como instrumento de tal prática.

III. A extinção da escrita tradicional, tal como a conhecemos, não pode ser revertida, tendo em vista as necessidades do mundo pós‐moderno e seus avanços tecnológicos.

 

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)

a

I.

b

III.

c

I e II.

d

II e III.

Ver resposta
Ver resposta
Resposta
C

Resolução

Para responder à questão, siga estes passos:

  1. Leia atentamente o texto e identifique a tese central: a escrita manual ativa o cérebro de forma distinta da digitação.
  2. Analise cada afirmativa confrontando-a com as ideias do texto:
    • I: O texto apresenta a necessidade de reflexão sobre o impacto do computador na escrita manual. Correta.
    • II: O texto relaciona a escrita com a memória e transmissão do conhecimento. Correta.
    • III: O texto não afirma que a extinção da escrita é irreversível; discute essa tendência sem decretar impossibilidade de reversão. Incorreta.
  3. Conclua: apenas I e II estão corretas. Resp.: C.

Dicas

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Verifique se o texto afirma de fato que a escrita manual jamais poderá ser recuperada ou revertida.
Observe como o texto relaciona a escrita manual à memória e à transmissão de saberes.
Destaque trechos que falam da necessidade de reflexão sobre digitação e escrita cursiva.

Erros Comuns

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Confundir necessidade de reflexão (I) com encerramento da discussão.
Entender que o texto afirma irreversibilidade da escrita manual (III).
Ignorar a parte que relaciona escrita e memória (II).
Revisão

Este exercício envolve:

  • Leitura e compreensão de texto: identificar a ideia central e detalhes.
  • Inferência: distinguir informações explícitas de conclusões não suportadas.
  • Avaliação de proposições: validar cada afirmativa à luz do texto.
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